domingo, 11 de maio de 2008

MARXISMO INTERNO II

"Não digo jamais aquilo em que creio, nem creio naquilo que digo – e, se descubro algum pedacinho da verdade, trato logo de escondê-lo sob tantas mentiras que se torna impossível encontrá-lo." Nicolau Maquiavel, em carta particular.

Xingue-os do que você é, acuse-os do que você faz”. Instrução de Lênin aos marxistas que estivessem debatendo contra democratas.

"O moderno Príncipe (o partido), desenvolve-se, subverte todo o sistema de relações intelectuais e morais, uma vez que o seu desenvolvimento significa, de fato, que todo ato é concebido como útil ou prejudicial, como virtuoso ou criminoso, somente na medida em que tem como ponto de referência o próprio Moderno Príncipe e serve ou para aumentar o poder ou para opor-se a ele. O Príncipe toma o lugar, nas consciências, da divindade ou do imperativo categórico, torna-se a base de um laicismo moderno e de uma completa laicização de toda a vida e de todas as relações de costume”. Antonio Gramsci – Cadernos do Cárcere.

CRITICANDO OS PETISTAS

Há quem critique os críticos do PT como exagerados ou até “golpistas”. Uma parcela importante da imprensa esta “vigilante” contra os supostos “golpistas”. Exige que cada notícia negativa sobre o governo seja “equilibrada” com um notícia igualmente negativa sobre a oposição. Um conceito estranho, e jamais dito antes, nem no tempo dos militares. Sempre julgou-se natural que a oposição fosse pedra e o governo fosse vidraça. Mas se o PT é governo, então isto não voga, quem quer que os critique, deve “provar sua isenção” fazendo críticas igualmente duras aos partidos de oposição. Imaginem algum jornalista aplicando tal “critério”, isto é incomodar igualmente os partidos do governo e da oposição, nos governos anteriores. Imagine só algum jornalista defendendo publicamente tal “critério”. Qual a probabilidade de que alguém assim não fosse chamado de chapa-branca, vendido, ou coisa pior, se fosse nos idos de outrora? Imagine, nos governos Sarney, Color, Itamar ou Fenando Henrique, algum jornalista que dissesse “um jornal deve incomodar igualmente a todos os partidos”, ou “o noticiário tem de ser equilibrado”. Mas hoje, jornalistas “isentos” e até o ombudsman da Folha de São Paulo defendem coisas parecidas. E ai de quem chama-los de “chapa-branca”, ouvirá inevitavelmente - Direitista hidrófobo!

HÁ POLÍTICOS MAIS MENTIROSOS?

É comum ouvir comentários sobre os mais diversos assuntos, declarando supostas igualdades entre entes. Se tais comentários dizem com exatidão o que os seus autores querem significar, são, quase sempre, tolices. É muito difícil provar que não existem diferenças entre dois entes complexos quaisquer, ou mesmo que não existem diferenças significativas para determinada finalidade. A última moda na imprensa é dizer que os políticos do PT são iguais aos políticos de todos os outros partidos. São tão mentirosos quanto, tão ladrões quanto, e tem objetivos e métodos de poder semelhantes. É interessante que, antes do PT assumir o poder, só existia uma opinião considerada “isenta”: “O PT é melhor, pelo menos no campo da ética, que os partidos mais antigos”. Quem afirmasse que os petistas eram piores que seus adversários, seria considerado um direitista hidrófobo = fascista = nazista. Quem afirmasse que os petistas eram iguais a todo mundo, também... Mas agora, as coisas mudaram, e permitem-se opiniões diferentes: Você pode afirmar que os petistas são iguais a todo mundo (vão torcer o nariz, mas talvez não o chamem de nazista), ou pode afirmar que os petistas eram melhores que todo mundo quando eram socialistas, mas foram corrompidos pelo capitalismo... (ai, ai, ai ...). Mas é claro que a opinião preferível é que os petistas continuam melhores que a maioria dos políticos. Quem não tiver o cuidado de “pensar” assim, prepare-se para enfrentar gente babando e espumando, chamando-o de direitista hidrófobo.

Mas tal posição é razoável? Se era concebível, no passado, que os petistas fossem mais justos e sinceros que a maioria dos políticos (falo como que fora de mim), não seria igualmente concebível o contrário? Na verdade, os fatos não mostram que o contrário não é apenas concebível, mas mesmo provável? No mínimo, um partido de revelados trambiqueiros, ladrões, amigos de assassinos e terroristas, que passe anos sendo incensado na imprensa como exemplo mais perfeito de moralidade, é um partido de mentirosos muito habilidosos e bem relacionados. Diria até, mentirosos profissionais, mais profissionais que a maioria dos políticos, os quais, mesmo conseguindo se eleger, são tidos em geral, por essa mesma imprensa, como mentirosos e desonestos. Os fatos parecem indicar que há políticos mais mentirosos, e que os petistas são mentirosos de habilidade excepcional (ou muito bem protegidos). Parece até, mais do que uma capacidade natural, parece uma segunda natureza, uma filosofia de vida. Só alguém que tivesse extremo orgulho de sua capacidade de enganar o povo, que a considerasse uma virtude, e não um vício, poderia ser tão eficaz. Diga-me a quem admiras, e eu te direi quem és.



ATITUDE?

Há quem critique os críticos do PT, não tanto por causa de suas afirmações mas pelo sua suposta “atitude ruim”. Segundo tais anti-críticos, por mais verdadeira que seja a crítica, não é aceitável que se chame as pessoas de “petralhas”. Há quem diga: “Que fanatismo, as pessoas acusando umas às outras de petralhas ou tucanalhas, que coisa mais improdutiva para o país”. Isto é um outro ponto interessante, se você comparar algum ponto do governo Lula com o de FH, se a comparação não for favorável ao Lula (ou pelo menos, empate), o interlocutor poderá olhar para você e dizer: “É tucano!!!” É sério, já aconteceu comigo. Mal sabem eles a birra que muitos opositores do PT (eu, inclusive) temos contra o PSDB... Mas voltando ao assunto, em outros tempos a imprensa não acusava as pessoas de anti-patrióticas se houvesse disputa real, e até ácida, entre a oposição e o governo, nem se exigia que as pessoas “pensassem no país”, antes de contar algum fato escabroso sobre o governo.

Mas, num certo sentido, os anti-críticos do PT tem uma certa razão. Nós, os críticos, nos assustamos mais com o que inferimos a respeito do PT do que com o que vemos e ouvimos. Nós não acreditamos, já em princípio, no que os petistas afirmam. Quando eles dizem algo, nós não pensamos – Ah, fulano pensa assim e assado. - Nós pensamos – O que esse cara está armando dessa vez?

Mas veja o histórico deles, o pendor para o autoritarismo, a amizade com bandidos e tiranos, as mentiras sistemáticas, a intimidação da imprensa, o pendor para o roubo escancarado, e uma queda por destruir as instituições republicanas que faz-nos pensar - Talvez eles sintam-se como heróis ao fazer isso!



CENSURA I

O poder, a influência e a rede de relacionamentos de um grupo podem ser estimados, indiretamente, pelo seu poder de influenciar (e pautar) a mídia. Após ter obtido o poder, o presidente do PT, na época José Genoino, declarou no “Estado de São Paulo” que o seu partido era um partido leninista. Impressionante!!! Durante anos e anos, o PT foi pintado na imprensa como o amalgama de diversos grupos esquerdistas, até com algum espaço para alguns radicais saudosos do Muro de Berlin e da URSS, mas na sua maioria, não muito diferentes da esquerda social-democrata européia. Entretanto, se o cerne do PT é o leninismo, qualquer concessão à democracia representativa ou à liberdade de imprensa foi apenas uma tática passageira, útil por algum tempo. Não há nada de estranho, portanto, nas seguidas investidas do PT contra as instituições democráticas e contra a liberdade de imprensa. Um partido, que depois se reconhece como leninista, ordena á imprensa (quando ainda é oposição) que não chame seus militantes de comunistas. E é obedecido. Quantos jornalistas favoráveis foi necessário ter nas mãos para conseguir por em prática tal tática, que precisou durar anos?



CENSURA II

Repito, o poder, a influência e a rede de relacionamentos de um grupo podem ser estimados, indiretamente, pelo seu poder de influenciar (e pautar) a mídia. Vamos imaginar um exemplo hipotético: Vários políticos de nações ocidentais, com claro pendor para o tradicionalismo social e liberalismo econômico, se reúnem durante anos, num grande foro de debates, onde fazem propostas para avançar sua influência e conquistar mais poder. Em tal foro de debates e propostas, participam também. oficialmente, notórios terroristas. Os políticos presentes assumem o compromisso de influenciar as instituições e imprensa de seus países para reconhecer tais terroristas (rejeitados fortemente pelas populações de seus respectivos países) como “insurgentes populares”. As reuniões, que ocorrem anualmente por mais de década e meia, não são secretas, e contam com a presença de grande número de militantes partidários. Entretanto, na mídia do principal país envolvido, suas reuniões são citadas discretamente, jamais sendo dito o nome do foro, seus objetivos ou sua importância. Um único jornalista ousa citar o nome de tal organismo, mostrar o seu símbolo, declarar seus objetivos explícitos e denunciar a presença de terroristas e a sua ligação com o narcotráfico e o crime organizado. Tal jornalista é deixado falando sozinho, ou chamado de louco, e um membro de um partido envolvido, declara em Washington a líderes mundiais, que simplesmente não existe nenhuma organização com tal nome. Esta organização tem um site que sai do ar sempre que suas atividades são denunciadas. Anos depois, vários líderes políticos pertencentes à organização tornam-se mandatários de seus países, além de vários outros ligados a eles. Quanto poder tal grupo teria de ter para conseguir isto? Quanto apoio internacional precisaria ter?

Agora deixemos o caso hipotético, pois conservadores e partidários da liberdade não tem tal poder mesmo. O caso é verídico, mas seus proponentes são a esquerda sul-americana e o nome da organização é “Foro de São Paulo”. Duas décadas atrás, Lulla esteve em Cuba, e Fidel lhe sugeriu uma centralização maior das esquerdas latino-americanas, com o objetivo explícito de “ganhar na América do Sul, o que foi perdido no leste europeu”. Assim nasceu o “Foro de São Paulo”. É natural que Fidel tenha feito tal pedido e é natural que Lulla tenha posto em prática, visto que, agora que o PT o reconheceu publicamente, estamos autorizados a pensar neles como leninistas, e portanto, simpáticos ao tipo de regime e modo de vida (ou de morte) que acontecia no leste europeu a algumas décadas. Agora, o próprio presidente Lulla cita o Foro de São Paulo explicitamente, e virtualmente ninguém na imprensa se permite pasmar do antigo segredo. Manter tanto segredo de algo não secreto, parece ultrapassar todo poder de fogo do próprio PT.

É sempre bom ler Tocqueville

Que espécie de despotismo devem temer as nações democráticas

http://www.ordemlivre.org/node/209

DESCANSO I

Numa discussão com pessoas amigas, houve a questão de saber o que é universal e o que não é, com relação ao Ensino (Torah) de Moisés. Muitas pessoas defendem que descansar no sábado é um mandamento universal, com base nos seguintes textos bíblicos:

“E havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera.” Gênesis, capítulo 2, versos 2 e 3.

“Lembra-te do dia do sábado para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus: não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou: portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.” Êxodo, capítulo 20: versos 8 a 11 (parte dos Dez Mandamentos).

Tais textos provam que o conceito do sábado é anterior à entrega da Lei à Moisés e que esta é instruída por tal conceito anterior. Mas não provam que:

  1. É aplicável a todos os povos.

  2. Era uma lei, antes de Moisés.

O fato de não estar presente nas ordenações dadas a Noé (Gênesis capítulo 9, até o verso 7) é importante, pois tais ordenações contém preceitos básicos (em parte, não perceptíveis naturalmente) dados a todos os povos. E o próprio concílio de Jerusalém, do qual toda a congregação participou, entendeu unanimemente (pelo Espírito Santo, conforme o texto) que, fora os mandamentos perceptíveis mais diretamente, os gentios que quisessem seguir o Messias deveriam guardar as Leis de Noé. Certamente o sábado não é uma norma auto-compreensível. É impossível alguém, apenas instruído pela própria consciência, descobrir que “deverá abster-se de trabalhar, especificamente das 18:00Hs de sexta às 18:00Hs de sábado” (o que inclui ter o conceito de semana, certamente um conceito não natural). É difícil entender como um mandamento não ordenado explicitamente a todos os povos e não perceptível pela consciência, pode ser universal.

Mas alguém argumentará que o fato de estar incluído nos Dez Mandamentos é indicativo de sua universalidade, visto que todos os outros nove mandamentos são universais. Não penso assim. Fazer parte dos Dez Mandamentos pode indicar importância relativa dentro do Sistema Mosaico, e não universalidade. É natural que muitos dentre os mandamentos mais importantes, dentro do Sistema Mosaico, sejam universais, pois o mesmo acontece em muitos códigos legais, onde há um certo grau de correlação entre universalidade e importância relativa das normas. Na maioria dos códigos legais, os crimes contra a vida e contra o bem estar geral são particularmente importantes, sendo também aplicação de preceitos universais. Um fato digno de nota é que os dois mandamentos mais importantes da Torah (Evangelho segundo Mateus, capítulo 22, versos 34 a 40), pela sua universalidade, dos quais depende a Torah, não se encontram nos Dez Mandamentos, mas entremeados com normas diversas, sem nenhuma indicação formal de sua importância.

Há mais um motivo para considerar o sábado como um preceito eminentemente judaico. A Bíblia é bastante explícita quanto ao fato do sábado ser uma peculiaridade, um sinal entre o Criador e a nação de Israel., que a distingue de todos os outros povos, conforme se lê nos seguintes textos:

Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o SENHOR, que vos santifica. Êxodo 31:13

E também lhes dei os meus sábados, para que servissem de sinal entre mim e eles; para que soubessem que eu sou o SENHOR que os santifica. Ezequiel 20:12

E santificai os meus sábados, e servirão de sinal entre mim e vós, para que saibais que eu sou o SENHOR vosso Deus. Ezequiel 20:20

De tudo isso, concluo que a guarda do sábado é um mandamento particular, para os israelitas.

Tendo hoje provado que o sábado é um mandamento particular, pretendo, outro dia, escrever um texto provando sua universalidade, e deixarei a cargo do leitor a tarefa de desfazer este nó.

domingo, 4 de maio de 2008

MEDINDO O UNIVERSO III

ESTIMATIVAS DE DISTÂNCIAS ESTELARES

No artigo anterior, vimos como se medem distâncias astronômicas, e quais as limitações de nossos métodos de medida. Voltaremos à questão das medidas diretas em outro artigo, mas hoje vamos falar sobre como ESTIMAR as distâncias estelares em nossa galáxia. Antes disto, falemos sobre o que é uma galáxia.

Possivelmente o leitor já sabe que a matéria não se distribui uniformemente pelo universo, porém encontra-se aglomerada em ajuntamentos de gás, poeira e estrelas, chamadas galáxias, de dimensões variadas, de poucos milhares de anos luz de diâmetro (galáxias anãs) até centenas de milhares de anos luz (galáxias gigantes). Como costuma acontecer com as estrelas, o Sol também pertence a uma galáxia, chamada Via Láctea, a qual tem forma de disco espiral (um formato bastante comum) com um núcleo aproximadamente esférico. Este formato é causado pelo giro da galáxia em torno do seu centro. Necessariamente a aceleração gravitacional da galáxia sobre si mesma deve ser igual à aceleração centrípeta de seu giro, isto é cada estrela não cai em direção ao centro da galáxia nem é lançada no vazio entre as galáxias. Pelo contrário, observamos que nossa galáxia, assim como as outras, mantém a sua forma. Ocorre que as galáxias não parecem ter massa o suficiente para manter tal equilíbrio, manter sua integridade, como realmente mantêem; mas isto é um assunto para outro artigo.

Como observamos no artigo anterior desta série, somos capazes de medir apenas as distâncias de estrelas relativamente próximas, o que exclui a maior parte da Via Láctea. Portanto, o tamanho da Via Láctea é estimado, e tal estimativa tem variado significativamente ao longo dos anos.

A maneira mais óbvia de estimar a distância de estrelas é pelo seu brilho. Se todas as estrelas tivessem o mesmo brilho, se o espaço fosse inteiramente vazio de poeria e gás e se a própria gravidade não interferisse na luz, bastaria medir o brilho aparente delas e saberíamos suas distâncias relativas, sendo o brilho inversamente proporcional ao quadrado da distância. Ocorre que as estrelas não brilham igualmente, nem o espaço interestelar é vazio e a gravidade tem efeitos sobre a luz. As primeiras providências de quem tenta medir as distância estelares assim são evitar as maiores aglomerações de gás e poeira (o plano do disco da Via Láctea, por exemplo), e classificar as estrelas pelo seu brilho absoluto. Como fazer isto?

A luz (como os físicos chamam a toda radiação eletromagnética) que é emitida por uma estrela traz informações precisas. Ela informa a temperatura da superfície da estrela, pela qual se pode dizer quanta energia é emitida por área. Ela informa também quais os elementos químicos presentes na superfície (nas temperaturas das superfícies estelares, não existem associações atômicas, como as moléculas), bem como a presença de elementos químicos e moléculas entre a estrela e nós. Conhecida a temperatura, podemos saber a energia emitida por área, e é possível calcular a área da superfície da estrela, se soubermos sua radiação total. Ao estudarem as características físicas e químicas das estrelas próximas, os astrônomos verificaram que elas podem ser classificadas em tipos específicos, que têem tamanhos e temperaturas estatisticamente determinados. Isto, é não se pode prever o brilho absoluto de uma estrela pelas características de sua luz (seu tipo), mas pode-se prever o brilho absoluto médio de um conjunto de estrelas de determinado tipo.

Há outra características que pode relacionar-se com o brilho absoluto. É a variação do brilho da estrela. Há vários tipos de estrelas variáveis. Dentro de certos tipos, os cientistas conhecem uma relação estatística entre o brilho absoluto e a freqüência de variação.

Para descobrir o brilho absoluto das estrelas, primeiramente deve-se observar as estrelas mais próximas, aquelas cujas distâncias podem ser medidas geometricamente. Será possível calcular com bastante precisão seus brilhos absolutos, isto é, quanta energia elas emitem, visto que sabemos suas distâncias. O único fator estimado, aqui, é a interferência dos gases e poerias interestelares, mas esta pode ser diminuída se evitarmos as áreas mais “sujas”, com muito gás e poeira. A interferência da poeria é particularmente difícil de estimar. Supondo-se uma estimação razoável das interferências, será possível estabelecer relações entre os tipos de estrelas e seu brilho absoluto. Tais tipos estelares podem ser uma régua, uma escala (estatística) de distância, não para uma estrela em particular, mas para um grande número delas.

Falamos da distribuição de matéria no universo; mas os astrônomos estudam também sua distribuição dentro da nossa galáxia. Como todas as galáxias espirais, a matéria (e estrelas) do disco concentra-se nos chamados “braços” da espiral (nós mesmos estamos em um dos braços espirais de da Via Láctea). A parte central, esférica, contém ao seu redor um grande número de “aglomerados estelares”, que são conjuntos com grande número de estrelas. Eles se classificam em “aglomerados abertos”, menos povoados, e “aglomerados fechados”, com grande concentração estelar. Como em todas as grandes estruturas, é a força gravitacional que mantém a coesão dos aglomerados estelares.

Agora temos os instrumentos necessários para uma primeira estimativa das dimensões de nossa galáxia. Conjuntos coesos de estrelas (aglomerados) podem ter sua distância estimada por um instrumento estatístico, a relação entre tipos estelares e brilho absoluto médio do tipo. Com este instrumento, não se pode fazer uma estimativa tão precisa da distância de uma estrela em particular, mas pelos instrumentos estatísticos consegue-se uma boa estimativa da distância de um grupo de estrelas, um aglomerado fechado, por exemplo. Estimando-se a distância de um grande número de aglomerados globulares na em torno do centro da Via Láctea, pode-se estimar a distância do próprio centro da Via Láctea, bastando calcular o centro dos aglomerados. Outros estudos estatísticos, além da comparação com outras galáxias semelhantes à nossa, permitem a estimação da distância até a “borda” de nossa Galáxia.