domingo, 23 de novembro de 2008

LIBERDADE

Estado mínimo

“Então os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, e disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos pois agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações.
Porém esta palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao Senhor. E disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te disserem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me tem rejeitado para eu não reinar sobre eles. Conforme a todas as obras que fizeram desde o dia em que os tirei do Egito até ao dia de hoje, pois a mim me deixaram, e a outros deuses serviram, assim também te fizeram a ti. Agora, pois, ouve a sua voz, porém protesta-lhes solenemente, e declara-lhes qual será o costume do rei que houver de reinar sobre eles.
E falou Samuel todas as palavras do Senhor ao povo, que lhe pedia um rei. E disse: Este será o costume do rei que houver de reinar sobre vós: ele tomará os vossos filhos, e os empregará para os seus carros, e para seus cavaleiros, para que corram adiante dos seus carros. E os porá por príncipes de milhares e por cinqüentenários, e para que lavrem a sua lavoura, e seguem a sua sega, e façam as suas armas de guerra e os petrechos de seus carros. E tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras, e padeiras. E tomará o melhor das vossa terras, e das vossas vinhas; e dos vossos olivais, e os dará aos seus criados. E as vossas sementes, e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus eunucos e aos seus criados. Também os vossos criados, e as vossas criadas, e os vossos melhores mancebos, e os vossos jumentos tomará, e os empregará no seu trabalho. Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe servireis de criados. Então naquele dia clamareis por causa do vosso rei, que vós houverdes escolhido; mas o Senhor não vos ouvirá naquele dia.
Porém o povo não quis ouvir a voz de Samuel; e disse: Não, mas haverá sobre nós um rei. E nós também seremos como todas as outras nações; e o nosso rei nos julgará, e sairá adiante de nós, e fará as nossas guerras.
Ouvindo pois Samuel todas as palavras do povo, as falou perante os ouvidos do Senhor.
Então o Senhor disse a Samuel; Dá ouvidos à sua voz, constitui-lhes rei. Então Samuel disse aos filhos de Israel: Vá-se cada qual à sua cidade.” Livro de Samuel, capítulo 8, versos 4 a 22.
“ Então disse Samuel a todo o povo: Vedes já a quem o Senhor tem elegido? Pois em todo o povo não há nenhum semelhante a ele. Então jubilou todo o povo, e disseram: Viva o rei! “ Livro de Samuel, capítulo 10, verso 24.

Durante séculos, os israelitas não tiveram um governo central. Moisés não lhes legou uma legislação monarquista mas, pelo contrário, estabeleceu que os assuntos deveriam ser resolvidos localmente pelos anciãos de cada cidade, com autoridade sobre as vilas no seu entorno que dela dependiam para defesa militar. Apenas em casos de dúvidas jurídicas maiores as questões deveriam ser levadas aos sacerdotes (ou ao juiz). Não existia uma organização estatal responsável pela administração ou justiça. O Juiz era simplesmente um cidadão comum, reconhecido como líder militar quando as tribos se uniam contra um inimigo externo, formando um vasto exército não profissional, e servia também de árbitro nas questões jurídicas controvertidas que lhe eram levadas (ele não as chamava para si).
Mas, espantosamente, tal nação de estrutura civil extremamente leve e aparentemente desconexa, tinha uma legislação com forte ênfase na justiça objetiva e na proteção aos mais fracos. sem nenhum auxílio de qualquer estrutura burocrática. A Lei Mosaica visava possibilitar a qualquer cidadão israelita recuperar-se economicamente, sendo auxiliado por seus concidadãos, evitando que caísse na miséria. A previsão da Lei era tão ampla, que Moisés declara, conforme o Eterno o inspirou: “não haverá no meio de ti pobre” (se tal Lei fosse cumprida). Espantoso ainda é que tal proteção pudesse existir sem regulação de preços ou controle dos meios de produção pelo Estado (e, em tempos antigos, haviam estados que controlavam os meios de produção, e eram justamente os estados que mais oprimiam os corpos e as consciências dos homens).
Mas a união de uma Lei tão previdente quanto à solução do problema da pobreza, com uma estrutura civil tão leve, parece inacreditável ao leitor moderno. Estamos acostumados a ver as pessoas que se arrogam defensores dos mais fracos, defendendo um estado mais e mais “atuante”, abrangente, totalitário mesmo, ao ponto de se imiscuir na intimidade do pensamento das pessoas, de controlar toda a crítica (seja pela ação direta, seja pela patrulha do pensamento “politicamente correto”). Parece espantoso para nós, pobres reféns da chantagem do vitimismo, a existência de uma nação ao mesmo tempo libertária e defensora dos pobres. Tão espantoso, que não conseguimos enxergar isso, mesmo lendo a Bíblia. Simplesmente não faz parte de nosso universo mental. Que pena …


Perdendo


Numa confrontação entre o Pentateuco, juntamente com o início do Livro de Samuel, contra o livro dos Juízes, parece haver uma forte oposição de idéias entre os seus autores. Os dois primeiros parecem exaltar a estrutura civil leve. Já o livro dos Juízes, fala sobre desordem e desregramento moral do povo, seu desvio da Torah, e as derrotas sob poderes estrangeiros. Finalmente, um Juiz botava ordem na casa e derrotava os inimigos externos. Muitos casos escabrosos, são seguidos da seguinte frase “não havia rei sobre Israel, e cada um fazia o que parecia bem aos seus próprios olhos”. A impressão causada, numa leitura descuidada, é que o escritor lamenta não haver monarquia naquela época.
Mas uma leitura mais atenta de Samuel, indica que o Eterno lamente que ELE tenha sido rejeitado como Rei. Em outras palavras, durante todo o período dos Juízes, Ele não foi aceito como verdadeira autoridade. Seu governo poderia ser discernido, se os israelitas quisessem, no Ensino (Torah) de Moisés, na sabedoria dos antigos, no bom senso, na disciplina mental, na voz da consciência. Apenas quando a situação apertava, o povo se voltava para o Eterno, e surgia um Juiz que derrotava os inimigos e levava-os à obediência à Torah. Sentiam-se desgovernados, pois não governavam seus próprios desejos, mas faziam o que parecia bom aos seus próprios OLHOS, não à sua CONSCIÊNCIA. Por sentirem-se desgovernados, queriam sobre si um rei, vistoso como os de outras nações. Por não entenderem que seu desgoverno era um problema interno, procuraram um governo forte fora de si.
Mas qual foi o resultado? Após apenas três reis governando as tribos unidas, elas se dividiram em dois estados que competiam entre si. Mesmo os melhores reis representavam pelo menos dois problemas:
Eram custosos, pois o sustento do aparelho de estado não é barato.
A existência de um governo central tirava do povo parte de suas responsabilidades. Num certo sentido, um governo forte infantiliza os cidadãos. Prova disto era o fato do povo obedecer ou desobedecer os preceitos éticos e espirituais da Torah conforme os seus reis os obedeciam ou deixavam de obedecer. Suas consciências deixaram de ser árbitro, eles a entregaram aos seus governantes … qualquer semelhança com o que vemos no mundo atual não é mera coincidência.
Quanto aos piores reis, promoviam homicídios, roubos, sacrifícios rituais de crianças, corrupção, idolatria, enfim, eram uma desgraça completa. No final, os dois reinos acabaram sendo conquistados e destruídos por potências estrangeiras. Pela sua maldade, os reis hebreus acabaram causando o mal que o povo temia. Em vez de serem a força da nação, tornaram-se a sua ruína.

PONTOS EM COMUM

Envergonho-me de admitir, mas simplesmente é verdade: existem fortes pontos em comum entre a massa esquerdista e uma PARCELA dos ATUAIS evangélicos brasileiros (e americanos). Veja esta pequena, mas significativa, lista:

1.Pouca percepção da realidade aliada a uma crença inabalável em teorias absurdas (ou provadas falsas);
2.Obediência cega e idolatria a líderes;
3.Falta de disposição para entender (ou mesmo ouvir) opiniões contrárias;
4.Falta de compreensão lógica;
5.Uso de argumentos claramente falsos, para defender posições e atacar adversários;
6.Falta de senso de proporções e de justiça;
7.Crença no poder mágico das palavras;
8.Uso de chavões, julgando estar desenvolvendo um raciocínio;
9.“Ética” finalista (os fins justificam os meios) e desprezo por pessoas que tenham uma ética de princípios;
10.Um desejo gnóstico de negar a realidade;
11.Auto-exaltação e auto-justificação, aliados a um comportamento grotescamente impio;
12.Afetação de humildade e bondade, mas sem deixar de buscar freneticamente poder (pela manipulação) e dinheiro;
13.Comportamento de manada (o que, geralmente, significa alinhamento com o pensamento politicamente correto, para pessoas bem inseridas na cultura geral, ou alinhamento a outras maluquices menos comuns, para pessoas mais ligadas a subculturas);
14.Desprezo pelas pessoas “de fora”;
15.Descaso pela igreja perseguida (cristão em países anti-cristãos). No caso dos esquerdistas, desprezo ativo, mesmo;
16.Desprezo por fontes originais de informação em favor de secundárias.

Mas há diferenças significativas, também. Embora parte dos “cristãos” (evangélicos ou não) se encaixem na descrição acima, continuarão cristãos (na verdade, podem tornar-se verdadeiramente cristãos) ao curar-se desses vícios. Mas um esquerdista que abandonasse todos esses vícios mentais, logo deixaria de crer na papagaiada esquerdista.

domingo, 16 de novembro de 2008

LIBERDADE

A LEI DE CRISTO

Quando Yeshua andava sobre esta terra, não fazia questão de ter um grande número de discípulos. Não ajustava seu discurso ao público, para agradar mais, nem fazia acordo com ninguém. Ser bem visto, ele considera um luxo totalmente dispensável. Em certa ocasião, quando um grande número de discípulos deixou-o, por estranhar seu discurso, ele questionou aqueles que ficaram, se não queriam deixa-lo também.
Um movimento religioso, erigido sobre a doutrina de um homem assim, teria de ser, como foi no princípio, extremamente livre e libertador. Vinha quem queria, ficava quem queria. A doutrina da congregação dos crentes em Yeshua, como o Messias esperado, não foi feita para ser norma institucional, muito menos norma nacional. Sendo um desenvolvimento tardio do antigo judaísmo (e portanto, um irmão dos judaísmos atuais), a doutrina dos apóstolos de Cristo tinha como referência de norma legal nacional a lei de Moisés, e nenhuma outra. A doutrina do Messias nunca foi uma norma que quisesse ou mesmo pudesse concorrer com o Ensino de Moisés. É uma doutrina de aplicação essencialmente pessoal, foi moldada de forma a ser aplicável a uma infinidade de pessoas, situações e lugares.
Ambas são aspectos do culto ao Criador. O ensino de Moisés, primariamente, era também uma norma legal nacional, tanto nos aspectos sociais quanto nos religiosos, mas perdeu, esta vertente normativa, por causa da progressiva diminuição da independência dos israelitas. Então sobressaíram (e também desenvolveram-se) os seus aspectos comunitário, familiar, ético, espiritual e profético, que originalmente, já eram muito mais fortes do que parecia indicar uma leitura ligeira.
Mas sucedeu com a doutrina cristã o contrário do que ocorreu com a de Moisés. A doutrina do Messias era uma compreensão espiritual e profética mais profunda da doutrina mosaica, junto com as conseqüências éticas que lhe seguiam, e que eram aplicáveis tanto a judeus como a não judeus. Mas ao rejeitar os judeus, os gentios, que supostamente estavam seguindo a doutrina dos apóstolos do Messias, perderam a referência do que era aquela doutrina, e passaram a ver mais importância nos seus fracos aspectos institucionais (feitos para congregações, originalmente fracamente institucionalizadas e ligadas entre si por forças mais espirituais que humanas), do que nos seus extensos e fortíssimos aspectos de relações pessoais e espirituais. Não tendo uma base real para esta forte institucionalização, miraram-se cada vez mais na doutrina administrativa romana. Quando de sua transformação em religião estatal, o cristianismo já havia sofrido extensas mutações internas, que obliteravam ainda mais a percepção de suas origens. Transformaram um doutrina da liberdade do coração em um instrumento de estados opressores.
O caminho de recuperação da liberdade dos cristãos é o caminho da desinstitucionalização. É o oposto exato do que propõem os partidários do movimento “uma igreja com propósito”. E é a cópia exata do que ocorre em países onde há perseguição religiosa, como a China. A desinstitucionalização pela qual passou a Igreja chinesa é um bem, provocado por um mal. Mas não é necessário haver fortíssima perseguição religiosa para que ela ocorra. Entreguemos as nossas vidas ao Espírito Santo pois, como dizem as Sagradas Escrituras, onde está o Espírito do Eterno, aí há liberdade. A união espiritual é a verdadeira união cristã. Prego para mim mesmo, pois se eu vivesse isto, estaria ajudando outros cristãos a serem livres. “Sai dela, povo meu”, clama o profeta. Quero também sair da Babilônia, da rede de prender homens, da “sociedade civil organizada”. Se eu chegar a abandonar o mal que há dentro de mim, então poderei ser livre e ajudar a libertar outros. Meu corpo estará na Babilônia, mas meu espírito será livre do maligno, da carne e do mundo.

domingo, 9 de novembro de 2008

LIBERDADE

Um dos argumentos contra a crença no livre arbítrio é o que segue: “Deus teria fechado os olhos para não saber os resultados de seus atos? ”. Segundo tal pensamento, o homem poderia ser livre se o Eterno fizesse um sorteio sobre algo a seu respeito. Este argumento considera liberdade igual a desconhecimento ou indeterminação. É estranho pensar assim. Imagine que eu tomasse algumas formigas e decidisse por sorteio quais deveriam morrer e quais eu deixaria viver. Isto faria destas formigas seres livres? Certamente seriam parcialmente livres em relação à minha vontade pessoal de mata-las ou não, mas não seriam seres livres em si mesmos, seriam apenas formigas como quaisquer outras.
Mas quando falam da liberdade do Eterno, tais pessoas possivelmente não imaginam algo assim. Supõe-se uma liberdade intrínseca, superior à simples indeterminação. Pois bem, alguém pode afirmar que é uma impossibilidade lógica o Eterno criar seres com o mesmo tipo de liberdade que Ele, embora não uma liberdade tão extensa? Alguém pode afirmar que seria moralmente repulsivo ao Eterno criar tais seres? Alguém pode afirmar que a Bíblia nega que Ele tenha criado seres assim? Alguém pode afirmar ter meios lógicos de provar que ele não os criaria, por algum motivo qualquer? Pois é este tipo de liberdade que atribuo aos seres humanos, o que não nega a presciência do Eterno.

UMA VIRTUDE CHAMADA CORAGEM

A MELHOR DEFESA É O ATAQUE
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu; há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar; tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de saltar; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de deitar fora; tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; tempo de amar, e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz” Livro do Pregador (Eclesiastes), capítulo 3, até o verso 8.
“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela..” Palavras de Yeshua no Evangelho segundo Mateus, capítulo 16, verso 18.
Sempre me perguntei o motivo da Igreja não ter o poder de defender-se. O diabo tem o poder de colocar seus agentes dentro dela, de corrompe-la por dentro, de faze-la cair em heresias, de promover o mal dentro dela.. Demologia da escravidão (falsamente chamada de “teologia da libertação”), Conselho Mundial Aparelhado de Igrejas, falsos bispos e falsos apóstolos, mercantilismo ... todo tipo de lixo dentro de suas portas. E a história toda não foi muito diferente: heresias, anti-semitismo, concílios cheios de anátemas, acordos com o poder político desde Constantino, o saque de Constantinopla pelos católicos, venda de indulgências, inquisições, torturas, fogueiras, guerras entre católicos e protestantes, seitas gnósticas nos mosteiros e fora deles...
Mas não podemos culpar o Eterno por isso. Ele jamais prometeu defender as portas da Igreja. Se a Igreja está tentando defender as suas portas, já está desobedecendo ordens, pois o Cristo falou das portas do inferno, e é lá, arrombando as portas do inferno, que a Igreja toda deveria estar. Ela foi montada pelo Eterno como um time de ataque muito forte, com um goleiro frangueiro. Só estará segura enquanto estiver no campo adversário. Acordos políticos, meias palavras, patrocínios externos, adaptações filosóficas, tudo isso só enfraquece a Igreja. O início de sua queda foi a tentativa de parecer bem aos olhos dos gregos, reescrevendo sua teologia em acordo com a filosofia destes. Isto fechou as portas para a compreensão das palavras dos profetas, de Yeshua e dos apóstolos no seu contexto judaico, e abriu as portas da igreja para o fortíssimo anti-semitismo grego. Depois disso, queda após queda, até o ponto mais baixo, no início da idade moderna.
A coragem e a prudência de beijam quando se faz guerra no tempo de guerra. Não há prudência nenhuma em virar as costas para o inimigo.
Este texto é uma homenagem à Ivania, que tem coragem de falar o que pensa, mesmo quando pode sofrer por isso. Invejo a sua coragem. Que um dia eu possa ser assim.

UM VÍCIO CHAMADO SOBERBA II

DISCORDÂNCIA DE AVALIAÇÃO
Entre os antigos gregos e romanos, se dizia que a soberba é um vício de tolos e infantis, algo mais digno de pena do que de repreensão. Os cristãos, seguindo o ensino dos profetas israelitas, consideram a soberba um vício terrível e violento, uma afronta ao próprio Eterno. Quem terá razão?
Começarei concordando com os clássicos. A soberba é tão tola e infantil que é de difícil compreensão para um adulto normal. É compreensível em uma pessoa de 10, 12, 16 anos e é possível lembrar-me de como é ser um adolescente assim. Mas parece uma deformidade em alguém com trinta, quarenta, sessenta anos. Parece absurdo alguém viciado em pensar só coisas exageradamente boas a respeito de si mesmo. Digo viciado no sentido moderno, pois só uma atração doentia pode explicar algo assim. Como um adulto são pode permitir-se isso? Ele não sente-se um tanto ridículo? Compreendo a cobiça, a leniência, a procrastinação, a preguiça, a insensatez, a concupiscência, a fornicação, o ódio, a ira, os maus pensamentos, a mentira, a burrice, a covardia, a teimosia, e outras tantas coisas. Mas o mundo interior de um adulto soberbo parece algo tão estranho que é difícil imaginar sua existência real. Entretanto, embora pareça algo improvável, vemos os resultados de sua existência o tempo todo.
Mas depois de ter concordado com os gregos e romanos, terei de concordar ainda mais com os judeus e cristãos. Por mais infantil, ridículo e grotesco que seja este vício, ele é, em primeiro lugar, comum. Topamos com ele como com folhas na floresta. Nos escritórios, nas universidades, nas igrejas, na imprensa, parece que grande parte do que as pessoas fazem é acalentar seus próprios egos. Olhando o modo das pessoas agirem, parece ser algo mais atrativo que grana, que sexo, que a beleza, que a vida. E, por mais estranho que pareça, vê-se essa loucura nos lugares onde deveria prevalecer a razão. Os acadêmicos e intelectuais tem freqüentemente uma sanha por convencer os outros e a si mesmos de terem um valor elevadíssimo. Muito do que parece soberba é, na verdade, medo da desonra, pressão dos pares, ambição calculista, a compreensível concorrência profissional, e até um normal respeito próprio e senso de auto-preservação, mas tirando tudo isso, parece haver ainda doses cavalares de idolatria da auto-imagem.
Em segundo lugar, por ser um vício também no sentido moderno, ele é urgente, violento, louco. As pessoas fazem coisas inacreditáveis por ele, como um viciado em drogas. Ele vai tomando conta da personalidade, destruindo o que há de mais humano, remodelando suas relações, alienando as pessoas de suas próprias famílias.
Em terceiro lugar, justamente por ser ao mesmo tempo grotesco e urgente, ele exige do pecador a mentira. Não a mentira ocasional, mas sistemática. Nada melhor para alguém viciado em pensar bem de si mesmo, que uma visão de mundo que seja coerente com esse pensamento. Como um bêbado ou drogado, que mente sistematicamente e acaba enlouquecendo, assim também a soberba causa demência. Seria sofrido demais uma pessoa pensar “gosto de pensar coisas exageradamente boas a meu próprio respeito”. A medida que a pessoa vai tornando-se mais madura, e vai sendo confrontada com seus próprios limites, defeitos e loucuras, ela percebe que não é tudo isso. Para manter-se soberba, ela terá de criar uma visão de mundo falsa, uma realidade distorcida. É certo que ele faz parte de uma elite com méritos especiais e, preferencialmente, acima do bem e do mal, pois o mal que ele não quer ver em si precisa ser negado. O soberbo é, essencialmente, um alucinado.
Em quarto e último lugar, um soberbo é uma vaquinha de presépio. Alguém em busca de uma falsa realidade, como alguém em busca de uma droga química, sempre encontrará um fornecedor em busca de vantagens. E, mais que fornecedores de drogas, esse fornecedor de sonhos domina a vida de seu cliente. Durante muitos séculos, tais fornecedores foram relativamente desorganizados. Epicuristas aqui, bajuladores ali, seitas de mistério, cortesãos em luta pelo poder. As seitas de malucos como Jim Jones, ou aqueles japoneses que faziam atentados no metrô são exemplos modernos do que se pode conseguir das pessoas quando se diz a elas que são seres especiais, mais merecedores do que os outros homens. Mas um mercado desses não pode ficar desorganizado para sempre. E se fosse possível criar uma visão de mundo que tivesse uma ética totalmente finalista? Contribuir para a causa está acima de qualquer obrigação moral. Pode-se construir um movimento assim como uma seita menor dentro das religiões ou como um fluxo principal por um período limitado de tempo, mas é possível torna-la o fluxo principal de uma civilização inteira? Sim é possível. As seitas socialistas modernas (marxistas) junto com seus aliados (nazismo, fabianismo, globalismos, ambientalismos, cientificismos, bem como o islã radical) tem uma ética totalmente finalista, que permite aos seus seguidores sentirem-se superiores moralmente, mesmo quando praticam os piores crimes. São também, em seu conjunto, o fluxo principal da história contemporânea. Quando digo aliados, quero dizer que todas tem a finalidade de criar uma sociedade em que o senso de realidade é totalmente artificial.
Não é sem motivo que os adolescentes parecem cada vez mais crianças mimadas e os adultos, adolescentes. Mas a infantilização, um dos preços que eles pagam pelo vício, certamente não é o preço principal. Essa promoção da soberba em escala industrial, vista no mundo moderno e contemporâneo parece-me ter sido essencial para fazer dos últimos três séculos um espetáculo de violência assombrosa. Nunca matou-se, prendeu-se, torturou-se, roubou-se tanto, e nunca as pessoas se consideraram tão boas e justas. Este último século poderia ser especialmente pacífico, pois a multiplicação dos recursos materiais deveria diminuir a pressão pela guerra e pelo genocídio. Mas, em nome de “belos ideais”, foi um inferno. Com uma ideia na cabeça e um livro na mão, os homens tornaram-se “frias máquinas de matar”, mas cada um vê a si mesmo como pertencendo ao “o escalão mais elevado da humanidade”, enfim, demônios em pele de gente. Inverter a realidade e as proporções dos fatos, buscar desesperadamente a aprovação das pessoas, mentir até não lembrar mais a diferença entre a realidade e a invenção, e depois declarar que a realidade não existe, nada é louco demais para o homem ideologizado. Até a paz foi seqüestrada, numa época em que quase todo “movimento pela paz” é arma de propaganda de guerra, geralmente a favor da parte mais violenta.
Mas, embora este fenômeno da psiquê contemporânea seja assombroso, é virtualmente invisível para a maioria dos estudiosos. Convencidos, pelos materialismos, da realidade das explicações puramente economicistas, não conseguem ver a incongruência de tanta violência num mundo de abundancia. Mais ainda, não conseguem perceber que, mesmo naqueles lugares em que há carência material, são a violência e irracionalidade da busca do sonho que provocam o pesadelo, pois o conhecimento técnico, há muito, permite a multiplicação dos recursos.
Creio na visão judaico-cristã sobre a soberba e ela é consistente com os fatos da história. E, a bem da verdade, ela não nega percepção dos clássicos, mas engloba-a. A Tanach (Antigo Testamento) reconhece que o soberbo é louco e absurdo. Mas reconhece também que seu interior está cheio de violência. Como o anjo caído, do qual falou Ezequiel.

UM VICIO CHAMADO SOBERBA I

“Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.” Palavras de Yeshua (Jesus), registradas no capítulo 7 do Evangelho segundo Mateus.

“E dizia: O que sai do homem, isso contamina o homem. Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissoluções a inveja, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem.” Palavras de Yeshua (Jesus), registradas no capítulo 7 do Evangelho segundo Marcos, versos 20 a 23.

“ Então Jesus, chamando-os para junto de si, disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são eles dominados, e que os grandes exercem autoridade sobre eles. Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal; e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo; bem como o filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos”. Evangelho segundo Mateus, capítulo 20, versos 25 a 28 .

“Então falou Jesus á multidão e aos seus discípulos, dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Observai, pois e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam: Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los; e fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas dos seus vestidos, e amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas, e as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens: Rabi, Rabi. Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre a saber, o Cristo e todos vós sois irmãos. E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. Nem vos chameis mestre, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo. Porém o maior dentre vós será vosso sevo. E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado.” Evangelho segundo Mateus, capítulo 23, até o verso 12. Bem entendido que “praticai tudo o que vos disserem” deve ser entendido no sentido de “aquilo que se conforma com o Ensino (Torah) de Moisés”, pois em outros discursos Yeshua (Jesus) renega vários ensinos comuns entre a maioria dos fariseus, e que o Mestre considera contrários ao espírito da Torah.

Diótrefes
Há duas ou três semanas ouvi, na igreja, um sermão a respeito da Terceira Epístola do apóstolo João. Durante a semana, numa reunião na casa de irmãos da igreja, falávamos a respeito, e eu fiz um comentário sobre a ligação entre a maldade de Diótrefes e o seu desejo de poder. Este texto pretende ser um desenvolvimento de tais comentários. É visível, na história da Igreja cristã, que o ensino do Mestre contra a auto-exaltação não foi seguido fielmente. Busco entender como tal oposição entre o Seu ensino e a prática dos seus supostos seguidores pôde ser tão aguda. Vejamos o caso de Diótrefes:
“Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado, não nos recebe. Pelo que, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebe-los, e os lança fora da igreja.
Amado, não sigas o mal, mas o bem. Quem faz o bem é de Deus; mas quem faz mal não tem visto a Deus.” Terceira Carta do apóstolo João, versos 9 a 11.
A descrição que o apóstolo João faz de Diótrefes mostra um personagem deslocado em relação à descrição dos primeiros cristãos, gente generosa, amável e desassombrada. Diótrefes parece reunir em si uma notável capacidade de controle sobre os outros com uma personalidade mesquinha e maldosa. Se não, vejamos: Ele teve poder o suficiente para impedir a igreja cristã em sua cidade, de receber cartas do próprio apóstolo João. Não de um simples bispo ou de um apóstolo no sentido mais genérico, mas simplesmente um dos doze. Mais do que isto, impedia que os irmãos recebessem irmãos de outro lugar, aprovados pelo apóstolo e até mesmo expulsava da igreja os irmãos de quem ele discordava. Quando o apóstolo diz “que quer ter primazia entre eles”, está deslegitimando tal primazia, mas a descrição dos atos de Diótrefes confirma que ele a tinha na prática, apesar de ilegítima. Em outras palavras, Diótrefes seria reduzido a seu real tamanho, quando o apóstolo lá chegasse, mas enquanto isso, os irmãos o viam como maior do que ele realmente era, ou tinham tal medo de seu poder que se submetiam a ele. E seu real tamanho, segundo a avaliação de João, parece ser o de alguém que nem sequer deveria ser considerado um dos irmãos. Fico pensando na multidão de Diótrefes, ao longo de quase dois milênios, que não tiveram um apóstolo João para cortar-lhes as asas. Penso também em quanto tais homens influíram na construção do que hoje é chamado cristianismo.
Impressiona-me a aceitação pelos irmãos da suposta “primazia” de alguém, com supostos poderes para excluir irmãos assim, sem dar contas a ninguém. Isso está em oposição direta ao ensino do Mestre, que havia dito, “a ninguém na terra chameis pai, pois um só é vosso Pai .....”. Mas impressiona ainda mais que o tal “primaz” seja um não irmão, um lobo em pele de cordeiro. Isto faz pensar ... talvez o melhor lugar para procurar os lobos seja no comando dos cordeiros. Vejamos um exemplo:
“O que digo, não o digo segundo o Senhor, mas como por loucura, nesta confiança de gloriar-me. Pois que muitos se gloriam segundo a carne, eu também me gloriarei. Porque, sendo vós sensatos, de boa mente tolerais os insensatos. Pois sois sofredores, se alguém vos põe em servidão, se alguém vos devora, se alguém vos apanha, se alguém se exalta, se alguém vos fere no rosto.” Segunda Carta do apóstolo Paulo (Saul) aos Coríntios, capítulo 11, versos 16 ai 20.
Na Carta do apóstolo Paulo, citada acima, ele dedica os capítulos 10 e 11 e boa parte do 12 a repreender, de forma até um tanto irônica, os irmãos por aceitarem como verdadeiros ministros pessoas que tinham má intenção em seu coração. Parece que a soberba é um característica comum nos falsos mestres, falsos bispos, falsos apóstolos, etc. E, segundo a profecia, isto será pior ainda nos últimos tempos (os atuais?):
“Sabe, porém, isto; que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus. Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.” Segunda Carta do apóstolo Paulo (Saul) a Timóteo, capítulo 3, até o verso 5.
“Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência; proibindo o casamento e ordenando a abstinência dos manjares que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças.” Primeira Carta do apóstolo Paulo a Timóteo, capítulo 4, até o verso 3.
Yeshua havia dito “pelos frutos os conhecereis”. Alguns entendem “frutos” como número de adeptos. Assim, o “líder” que tem muitos adeptos é visto como aprovado. Mas pelo critério “a Escritura interpreta a Escritura”, devemos buscar em outros textos o que significa fruto.
“O fruto do Espírito é amor, alegria, paz longaminidade, benignidade, bondade, fé, mansidão temperança.” Carta do apóstolo Paulo aos Gálatas.
“...sois fruto do meu trabalho no Senhor” Primeira Carta do apóstolo Paulo aos Coríntios, capítulo 9, verso 1.
Como ficamos? “Frutos” são os atos que refletem o interior da pessoa, como indica o primeiro texto, ou número de adeptos, como parece indicar o segundo?
“Mas outros, na verdade, anunciam a Cristo por contenção, não puramente, julgando acrescentar aflição às minhas prisões. Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneria, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda.” Carta do apóstolo Paulo aos filipenses, capítulo 1, versos 17 e 18.
É claro que sobre tais pessoas, que pregam por motivos injustos, não pode-se dizer que são “árvores boas”. Proponho uma solução possível. A Palavra do Eterno é tão poderosa, que mesmo na boca de uma pessoa com más intenções é capaz, às vezes, de produzir a Verdade no coração de quem ouve. Mas se uma pessoa a prega pelos motivos certos, tal pregação e os seus efeitos são um “fruto bom”, conforme Yeshua (Jesus) quis dizer. Neste caso, é uma obra boa, produzida por um coração já reconciliado com o Eterno.
Resumindo este artigo, o ensino do Cristo e de seus enviados (apóstolos) é que tenhamos cautela em relação aos lobos devoradores que tem aparência de piedade. Este é certamente um ensino do Mestre que nós os cristãos (particularmente nós evangélicos brasileiros) temos desprezado, com amargos resultados. Temo ao pensar quanta paulada na cabeça teremos de levar para começar a aprender esta lição.

ONDE MORA O PERIGO

DIA DA DANAÇÃO
Da forma como muita gente imagina o Dia do Juízo Final, este parece uma prova da parcialidade e impiedade do Eterno. Escolhidos são mandados direto para cima, não escolhidos (ou escolhidos para o fogo), rejeitados sem apelação. Não ouviu falar sobre Cristo? Fogo! O Eterno quis fazer de você um cego espiritual? Fogo!
Ocorre que eu não imagino que seja assim. Imagino que tudo será levado em conta para absolver a todos. Cada fraqueza invencível, cada desinformação, cada influência maligna do meio e dos espíritos do Mal, toda falta de maturidade, tudo será levado em conta a nosso favor. Se pedirá apenas o exercício da fé que foi concedida, e que se tenha andado na luz que já se tinha. Todo tipo de pecado e estupidez poderá ser perdoada. Como diz a Escritura “...não levando em conta os tempos da ignorância..”. Todos terão liberdade total de apresentar tudo que houver a seu favor, terão lembrança completa de tudo, e nada que possa ser contado, será negligenciado. Todo argumento favorável, contanto que seja verdadeiro, sera dito.
Talvez o leitor tenha ficado mais tranqüilo. Andam pintando o Dia do Juízo de forma excessivamente desfavorável ...
Deixe-me falar a respeito de um professor que tive na faculdade. Era inteligente, gentil, compreensivo, justo, e desejava ver o máximo de aproveitamento dos alunos. Suas provas eram com consulta. Após a parte escrita, chamava cada um que ia terminando para a parte oral, quando ele levava em conta o conhecimento dos conceitos e, se possível, melhorava a nota, pois não queria reprovar ninguém que soubesse os conceitos mas tivesse cometido algum engano nos cálculos. Sempre ele estendia a prova além do horário, mas mesmo assim, nós pedíamos mais tempo. Ele não queria, mas insistíamos muito, e a prova acabava durando bem mais. Me lembro dele dizendo: “Porque vocês querem mais tempo? Vocês vão errar mais, e eu terei de diminuir as notas”. Nós estávamos pedindo corda para nos enforcarmos. As perguntas dele, a clareza de seu pensamento quando inquiria, faziam-nos perceber que não sabíamos muita coisa. Era um festival de notas baixas.
Muita gente acha que se o Eterno olhar cuidadosamente as verdadeiras intenções do coração, quase todo mundo ficará bem na fita. Mas é aí que mora o perigo.
“Ai daqueles que desejam o Dia do Senhor! Para que quereis vós este Dia do Senhor? Trevas será, e não luz. Como se um homem fugisse de diante do leão, e se encontrasse com ele o urso, ou como se entrando numa casa, a sua mão encostasse à parede e fosse mordido duma cobra” Livro do profeta Amós, capítulo 5, versos 18 e 19.
Mirar o próprio coração, no espelho sem mácula da perfeição absoluta ... BOA SORTE, amigo. Ou melhor ainda, peça ao Eterno que purifique o seu coração no sangue do Cristo. E que purifique a sua mente nas águas purificadoras da obediência às Santas Escrituras.