domingo, 30 de março de 2008

OBSESSÃO

PODER DE CONVENCIMENTO

Felizmente não tenho de trabalhar como vendedor. É sério, eu morreria de fome, não sei como irai ame virar, não conseguiria vender lenha para um esquimó, nem água para alguém que estivesse morrendo de sede; não disponho de nenhuma das capacidades de um vendedor, e muito particularmente da capacidade de convencimento. O contador aí ao lado mostra meu insucesso em tentar vender minhas idéias, minha falta de capacidade inata. Ou talvez não... pode ser simplesmente que seja uma capacidade que ainda está oculta em mim. Quer dizer, bem ocultas mesmo, ninguém consegue perceber.

Em muitas ocasiões (durante grande parte da nossa história) a falta da capacidade de convencimento foi um desastre. Em tempos antigos, ir embora da terra onde se vivia era muito penoso. As pessoas deveriam descobrir como enfrentar o problema e convencer a maioria (ou aquele que tivesse mais poder) da melhor solução. Muitas Cassandras choraram o desastre anunciado, que poucos percebiam. O homem bem sucedido tinham de ser um ser político, e não saber fazer política era um defeito grave.

Num mundo amplo como o nosso, isso é um defeito menor. Freqüentemente, basta virar as costas e ir embora; inclusive quanto à vida profissional, pois se não conseguirmos tirar a empresa ou departamento da rota do desastre (ou o que nos parece um desastre), sempre podemos (com mais ou menos dificuldade) pular fora e arranjar outro serviço. Ou mesmo que a decisão tomada pela chefia não seja a mais adequada, deveríamos parar para nos perguntar “isso vai afetar tanto assim a minha vida?”, e freqüentemente a resposta é não. Nesse caso, convencer os outros não é essencial, e podemos deixar as coisas como estão, tipo “cada um com sua idéia, e todo mundo de bem”. Por algum motivo, em geral as mulheres tem mais dificuldade em perceber isso ... Pode ser o simples impulso ancestral de “vencer uma discussão”. Pode ser o reflexo de outras questões, bem mais internas ... mas creio que todo mundo conhece aquela pessoa que faz do convencimento de alguém a respeito de alguma coisa, o ponto focal de sua vida. Geralmente não se muda realmente a opinião das pessoas e principalmente, não se muda sua personalidade e visão de mundo. Elas mudam a sí mesmas, conforme sintam que devem, no seu tempo, à sua forma, no seu ritmo, e no sentido que decidirem. Ou podem não mudar nunca, e é bom que tenham esse poder.

É claro, pode-se fazer engenharia social, mudar parâmetros sociais e culturais que afetarão o pensamento de muitas pessoas, como fazem os regimes e grupos de viés totalitário. E pode-se, com técnicas psicológicas eficazes, moldar a personalidade de uma pessoa muito jovem ou em situação de vulnerabilidade. Já ví isso de perto, e é uma experiência assustadora. Mas estou falando de relacionamentos reais e não de manipuladores profissionais. E é no campo dos relacionamentos sinceros e verdadeiros que vejo muita gente sendo infeliz sem motivo. Gente que teria motivos para ser feliz, mas está presa a uma obsessão, falando o tempo todo para si mesma “ se meu marido (ou minha mulher) ao menos entendesse que...”. Via de regra é bobagem, todo mundo em volta percebe isso, menos os envolvidos no relacionamento. E como é uma missão impossível (dentro de um relacionamento verdadeiro), é um problema sem solução, uma ferida que não cicatrizará. É possível que a vida de uma pessoa se torne um tormento, se apenas ela se propuser uma missão impossível.



OUTRAS MISSÕES IMPOSSÍVEIS

Na política, pode ser do interesse de poder de algum grupo, movimento, ou governante, manter aberto um conflito sem solução. Para isto, deve-se convencer algum grupo a adotar objetivos inalcançáveis ou inaceitáveis pelo outro lado. É simples assim. É um exercício simples de engenharia social tomar uma parte “oprimida”, criar um movimento de “libertação” (ou aproveitar algum já existente, e definir seus objetivos de forma a garantir a continuidade do conflito. No caso da Irlanda do Norte, aproveitou-se um movimento já existente. Mas seus objetivos originais (a unidade de um país que teve unidade histórica por séculos) compreensíveis, foram redefinidos de tal forma que, após algum tempo, propunha-se a transferência de toda população descendente de ingleses e escoceses, simplesmente a maior parte da população da Irlanda do Norte, e cujos antepassados estavam no país a alguns séculos. Os objetivos absurdos não foram a causa da queda da credibilidade do movimento, mas sim seus métodos cada vez mais mafiosos, que levaram seus apoiadores a desistir, fazendo cessar o terrorismo. Esta é uma lição importante. Nunca o terrorismo acabará sem que seus agentes se tornem fracos ou sejam destruidos.

O movimento separatista basco é pior ainda. A imensa maioria dos bascos não aprova seus métodos, e grande parte dos bascos nem mesmo se interessa pelo separatismo. Sem representatividade, vive da extorsão de empresários e da ajuda de outros grupos e estados terroristas. Ultimamente tem recebido intenso apoio do tirano Hugo Chavez. Visto que busca um objetivo (separação do país basco do estado espanhol) que nem mesmo é desejado por muitos bascos, é em princípio um movimento que não pode atingir seus objetivos. A quem interessa que exista um movimento assim?

As Farc também tem um objetivo: a destruição do estado democrático da Colômbia e a implantação de uma ditadura socialista. Visto que é um objetivo rejeitado pela imensa maioria dos colombianos, e visto que pelos seus métodos e apoio internacional é uma guerrilha difícil de ser destruída, chega-se a uma situação de impasse. Novamente, são interesses estrangeiros (do governo Venezuela e .... do brasileiro!) que sustentam essa ação criminosa contra o regime democrático colombiano.

O caso dos palestinos é um capítulo à parte. Durante mais de cem anos, árabes de Damasco e do Cairo, donos das terras inóspitas e pouco habitadas da Terra Santa, venderam por bom preço, terras inférteis aos judeus europeus, que vinham se juntar aos judeus que já viviam lá (uma porcentagem considerável da população original). Com a recuperação das terras, a atividade econômica cresceu grandemente. Mesmo com a vinda de um grande número de imigrantes árabes, atraídos pelo crescimento econômico, os judeus continuaram uma porcentagem grande da população, e quando da saída do império a ONU estabeleceu que cerca da metade dos territórios seria dos judeus. Imediatamente após a fundação do estado israelense, os países árabes deram instruções à população árabe de Israel, para que saísse do páis, de forma que seus exércitos pudessem dizimar a população judaica. Como sabemos, ao contrário do esperado, cinco países árabes tiveram seus exércitos vencidos, e as fronteiras de Israel se expandiram um pouco, logo após a fundação de seu estado, numa guerra defensiva. Os territórios “palestinos”, que mais tarde seriam ocupados pelos israelenses ficaram então em poder de egípcios e jordanianos. Durante anos, as populações árabes locais não tiveram o menor interesse em estabelecer um país. E até hoje não estabelecem nada parecido com um país, mesmo quando os israelenses se retiram unilateralmente.

A OLP foi criada no exílio, por um egípcio (Arafat), sobrinho de um nazista. Nasceu com apoio das serviços secretos dos países da Europa oriental (em particular da antiga, e infame, Alemanha Oriental e da Romênia, do “saudoso” Ceausescu). Foi criada com um objetivo falso: Criar um novo país chamado “palestina”. Novo, por seu um país que nunca existiu, na verdade apenas um nome dado por provocação pelos romanos a regiões que abrangiam diversos países. Nunca se referiu a um povo específico (a não ser que algum historiador maluco imaginasse que os atuais habitantes da Terra Santa sejam descendentes dos antigos filisteus, grupo de cinco cidades estados entre o Egito e a Terra Santa). A OLP foi pensada desde o início para manter o conflito aberto, nunca para resolve-lo, isso não seria do interesse de seus financiadores. Como disse certo oficial do exército egípcio “lutaremos até o último palestino”.

Mas então, surgiu um fato novo: O Egito buscou a paz com Israel, que aceitou devolver o Sinai (que ganhara numa guerra defensiva, e portanto não tinha obrigação nenhuma, diante das convenções internacionais, de devolver). A situação exigia uma mudança de tática: Estar sempre disposto a entrar em negociações e fazer tudo para melar qualquer chance delas darem certo, esse era o novo caminho, que tem sido seguido pelos “lideres palestinos” até hoje. Na época, “negociadores palestinos” puderam contar com a estupidez do pior presidente americano que já houve, o impagável Jimmy Carter.

De qualquer forma, a população árabe da Terra Santa, os chamados palestinos, continuam até hoje a atrelar qualquer possibilidade de vida normal e felicidade, ao objetivo estúpido de “jogarem todos os judeus no mar”. Obsessões criam, artificialmente, as infelicidades...

BUG DO JORNAL

Há alguns anos, estava na moda a histeria em torno do “bug do milênio”. Até o “momento final”, às 23:59 horas do dia 31 de dezembro de 1999, os jornais vendiam a “notícia” de que algo terrível poderia acontecer com a humanidade, pois seria perfeitamente possível que a maioria dos computadores enlouquecessem e passassem a funcionar de maneira totalmente imprevisível. Gente impressionável acompanhava temerosa as notícias. Quando nada de mais aconteceu, surgiram teorias da conspiração, como sempre envolvendo americanos e a CIA, tentando provar que não haveria bug nenhum, mas teria sido tudo uma armação.

É interessante a argumentação das pessoas para provar que um desastre se anunciava: “Se ninguém fizer nada para alterar o rumo dos acontecimentos, os grandes computadores vão deixar de funcionar na virada do milênio”. Na verdade, se ninguém fizer nada para alterar o rumo dos acontecimentos, todos os grandes computadores poderão parar em poucos dias a partir de hoje... Se ninguém fizer nada para alterar o rumo dos acontecimentos, todos os carros que se aproximam de alguma curva sofrerão um desastre, todas as pessoas que se aproximam de uma escada vão quebrar o pescoço, ou pelo menos se machucar um pouco, Realmente, se as grandes empresas, (principalmente do ramo financeiro), não fizessem nada para se adaptar à nova situação, os sistemas falhariam... Mas por que cargas d´água elas não fariam nada!

Como muitas das pessoas de classe média, nas grandes cidades, conheço algumas pessoas que trabalham com informática, dentro de grandes empresas. Apenas por ouvir comentários, sabia, muitos meses antes do “dia fatídico” que as grandes empresas nas quais meus conhecidos trabalhavam tinham escrito e testado exaustivamente os códigos necessários para a mudança de data. Nenhum de meus conhecidos que trabalham no ramo, mostrava qualquer ansiedade quanto ao assunto, ao contrário de outras questões (maior demanda de serviços durante o natal, por exemplo). Em suma, eu, um leigo no assunto, percebia claramente que não havia nenhuma emergência se aproximando, mas apenas um problema comum, que como quase todo problema tem solução comum.

Mas eu fico pensando... Se era tão simples para mim perceber que algumas grandes empresas estavam com a situação sob controle, por que motivo os jornalistas (e mais ainda, os editores) não percebiam não havia nenhuma grande instituição com sérias dificuldades para fazer a adaptação? É isso mesmo, por que não percebiam que não havia notícia nenhuma, que nenhum desastre iria acontecer? Bastava que alguns jornalistas sondassem alguns conhecidos dentro das grandes corporações. Mas eu estou esperando muito... Não é do interesse dos jornalistas perceber que não existe notícia. Não é assim que são feitos jornais.

PALAVRAS

Já há muito tempo, perturba-me um pensamento: Grande parte da imensa confusão das pessoas, em geral (e dos cristãos em particular) a respeito da doutrina cristã, advém da simples dificuldade de ler o texto bíblico. Nem falo aqui de dificuldades com a exegese ou com detalhes da lingüística, da história, da compreensão da cultura em que foi escrito cada livro bíblico. Nem mesmo falo da análise gramatical correta, mesmo do texto traduzido. A primeira dificuldade em que as pessoas tropeçam, muito mais simples do que tudo isso, é a compreensão do significado das palavras. Não se assuste o leitor, não vou falar de detalhes sutis no significado do texto hebraico ou grego. Estou falando de português mesmo.

A maioria das versões modernas em português são paráfrases altamente influenciadas pela interpretação dos tradutores (como toda paráfrase). Quem quiser alguma percepção das reais palavras dos autores lerá traduções mais antigas, ou suas atualizações. No caso das igrejas de tradição protestante, as atualizações da tradução Almeida tem sido as mais lidas e citadas, nas últimas décadas. É uma tradução muito antiga, e muitas palavras que foram escolhidas na época (e mantidas nas atualizações) tiveram seu significado alterado nos últimos séculos, causando uma certa confusão em pessoas que não tem o costume de ler textos mais antigos. Outras pessoas fazem confusão por conhecerem pouco do significado atual das palavras, aderindo ao mais popular. Outros tropeçam em conceitos da cultura atual, que os cegam para a intenção do texto, mesmo que explícita e, finalmente, há aqueles que ignoram as próprias definições dadas na Bíblia. Vou citar aqui alguns exemplos de confusões comuns dos leitores da Bíblia. O leitor pode procurar outros; é um exercício muito útil, que nos permite escapar de interpretações absurdas, mas comuns. Talvez eu torne ao tema, futuramente.

  1. O que é a “avareza”, tão condenada na Bíblia, que as cartas apostólicas consideram um tipo de idolatria? Se o leitor pensou no tio Patinhas, esqueça. Muitos espectadores, ao assistirem a peça “O avaro”, fazem essa associação e ficam sem entender nada. Avareza é mesquinhez, preocupação excessiva consigo mesmo, “olhar para o próprio umbigo”, como dizem atualmente. Seu oposto é a generosidade (o pensamento e a ação voltados para o gênero humano) uma característica que se desenvolve com o tempo. Deixar de ser bebê é perceber a existência do outro. A continuação desse desenvolvimento é ter interesse, empatia e finalmente paixão pelo outro. A culminação disso é amar o próximo como Cristo nos amou.

Talvez o leitor esteja perguntando: espera aí . . . quer dizer que o famoso mão de vaca não é um avarento? Até pode ser, mas não necessariamente. Pode ser apenas uma pessoa que tem o talento de fazer o seu dinheiro render. Mas e o sujeito mesquinho, que é doentiamente “mão de vaca”? Bom, o leitor já respondeu, é um doente. Seu grau de responsabilidade pelo seu comportamento é uma questão para se analisar caso a caso (e em parte, a nossa doença é nossa maldade), mas o que o diferencia do comum da humanidade é sua doença. E o sujeito perdulário, pode ser um avarento? É isso aí. E freqüentemente é.

  1. Inocência. Poucas palavras tem mudado tanto de significado. É aquele que não é culpado, mas a palavra tem sido usada no sentido de ignorante, aéreo, neófito, e até estúpido. Como se deu essa estranha associação de sentido? Pelo fato de que, muitas vezes, a defesa da inocência de uma pessoa ser feita pela alegação de desconhecimento (vide o caso do mensalão). Mas essa associação entre desconhecimento e inocência só pode ser feita de forma limitada. Há muito desconhecimento injustificável e a ignorância, passado um ceto limite, e culpável e até criminosa. Para um cristão, em particular, alegar desconhecimento pode ser admissão de culpa, visto que a Bíblia ensina a busca da sabedoria. Na Tanach, desconhecer a causa dos pobres é considerado uma impiedade e no NT está escrito “sede adultos no conhecimento e crianças na malícia”. Aqueles que chamamos de “inocentes', freqüentemente são o que a Bíblia chamaria de “tolos”. Ou pior ainda, hipócritas (eu tenho certeza de que o leitor conhece um caso assim, uma pessoa muito conhecida).

  2. Malícia. É maldade, não é esperteza. Quando um jogador de futebol prevê o lance seguinte com mais clareza que seus adversários, freqüentemente se diz que ele tem malícia, o nome de um vício. Mas na Bíblia a capacidade de agir com base em previsões bem fundamentadas é chamada de sabedoria, o nome de uma virtude. E a atitude de se prevenir contra uma possível adversidade é a “prudência”. Voltando ao exemplo do futebol: um jogador percebe com antecedência a situação e escapa de um “carrinho”. Segundo a Bíblia ele é sábio e prudente (pelo menos, quanto a esse assunto).

  3. Tolo. Segundo a Bíblia: “Diz o tolo em seu coração: não há Deus”. Tem um monte de gente bacana e “bem pensante” que entraria nessa categoria.

  4. Sábio. Segundo a Bíblia: “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria”. Tem um monte de gente bacana e “bem pensante” fora dessa categoria.

  5. Ungido. No tempo dos reis, três eram as funções cujos titulares eram ungidos: O rei, o profeta e o sacerdote. A unção não implicava em infalibilidade nem em autoridade absoluta. Significava o auxílio do Espírito do Eterno, para que a pessoa pudesse exercer bem sua função. A Aliança renovada em Cristo prevê a unção sobre todos os que crêem. No meio petencostal há quem queira que o pastor é “O Ungido do Senhor”, e portanto teria uma autoridade incontestável, mesmo quando está claramente errado. É interessante quem nem mesmo os católicos dizem isso sobre o papa, cuja suposta infalibilidade é sujeita a muitas limitações, mas há supostos herdeiros da Reforma querendo fazer dos seus “pastores”, “bispos” e “apóstolos”, novos “deuses”.

  6. Fé não é arriscar-se. É todo conhecimento obtido pela iluminação do espírito do homem, conforme define o apóstolo: “a certeza das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem”. Mas parece um risco, uma decisão tomada contra as possibilidades, pois quem vê a ação daquele que tem fé, não percebendo os mesmos fatos espirituais, tem a nítida impressão de ver alguém apostando contra as probabilidades, embora agir com fé VERDADEIRA seja prova de sabedoria e prudência. Vejo como isto afeta nosso entendimento da Bíblia quando alguém pergunta: Fé é ter confiança nas obras de Deus ou em Seu caráter? Quem pergunta isto está buscando uma definição muito mais restrita do que aquela que a própria Bíblia dá.



Por enquanto é só.

sábado, 22 de março de 2008

MALHANDO JUDAS

MARXISMO INTERNO



“Foi pois Jesus seis dias antes da Páscoa a Betânia, onde estava Lázaro, o que falecera e a quem ressuscitara dos mortos. Fizeram-lhe pois ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele.

Então Maria, tomando um arretel de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e os enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do ungüento.

Então um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse: Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres?

Ora ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e, tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava.

Disse pois Jesus: Deixai-a; para o dia da minha seupltura guardou isto; porque os pobres sempre os tendes convosco; mas a mim nem sempre me tendes.”

Evangelho segundo S. João



Uma característica marcante do marxismo é o seu propalado desprezo pelo estudo de qualquer assunto apenas pelo prazer de encontrar a verdade, sem ter em vista a aplicação prática imediata. Não sei como um marxista entende a atração pela matemática pura, o prazer de estudar um assunto por estudar, a fascinação que a astronomia sempre exerceu sobre o homem, muito além de qualquer aplicação prática reconhecível, o imenso prazer que nos causa uma história de mistério.

Porém, incoerentemente, o próprio marxismo surgiu, não de uma práxis, mas como estrutura teórica. Pior ainda, pelas mãos de um “pequeno-burguês”, que de acordo com sua própria tese não poderia enxergar a luta de classes, muito menos tomar partido das “classes oprimidas”, pois era parte de uma “classe” que deveria refletir a “ideologia” das “classes dominantes”. Quando finalmente ocorreu a “revolução do proletariado”, não foi nos países industrializados, como era previsto, nem mesmo foi realmente do proletariado. Pelo contrário os revolucionários eram pequenos burgueses, com apoio maciço de capitais da grande burguesia e intensa colaboração do que poderia ser chamada de “classes falantes” (professores, escritores, cineastas, autores de teatro, atores, jornalistas), que teoricamente são porta-vozes da “ideologia burguesa”. Bom, mas a revolução não poderia acontecer de outro modo mesmo, visto que , como Marx já sabia, quando estava escrevendo “O Capital”, o suposto motivo da revolução, o empobrecimento crescente das “classes trabalhadoras” era uma mentira. Ele conscientemente fraudou os dados em que se baseava para “prever” uma revolução cujos “motivos” não existiriam.

Feita a revolução na Rússia, hordas de “intelectuais” (aqueles que supostamente representam a “ideologia burguesa”), trabalharam por décadas, por dinheiro, chantagem ou paixão, para obstruir o conhecimento das desgraças, genocídios, fomes e injustiças que lá ocorriam. Também obstruíam a percepção do extremo protagonismo da URSS em todas as partes do mundo, por trás de guerras, revoluções, “movimentos sociais”, disputas por territórios, “exércitos de libertação”, etc. Quando chegou a vez da China, uma intensa desinformação do seu próprio serviço secreto fez os governantes americanos desprezarem seus amigos e colocarem a esperança em seus inimigos. Mais tarde, os americanos perderiam por pressão da própria imprensa, uma guerra que já tinham ganho (a guerra do Vietnam, onde as tropas vieticongs perderam metade de seus efetivos na fracassada ofensiva do Tet, ficando totalmente à merce dos americanos).

No campo cultural, o mais importante, todas as mistificações marxistas sobre a história tornaram-se ensino padrão, da escola elementar à universidade. Hitler, aliado rebelado de Stalin, é chamado até hoje de “extremista de direita”. As esquerdas ordenam as palavras que podem ser ditas e as que não podem. Aliados dos mais sanguinários regimes que já existiram, a URSS e a China, são considerados, pela “imprensa burguesa” (nas redações onde um não socialista teria de entrar pisando em ovos) como as pessoas mais verdadeiras, justas e sábias. Não concordar com o socialismo é considerado um pecado. Toda “causa” abraçada pelas esquerdas recebe intenso financiamento internacional. É interessante que esse viés ultra-socialista das classes falantes era fortíssimo mesmo antes de Gramsci.

Na descrição econômica vigente, a pobreza crescente da África, cujos governos foram influenciadas profundamente pelo socialismo, deve-se ao capitalismo. Mas o aumento imenso da prosperidade na Ásia, em cada país que foi adotando o capitalismo, não deve-se ao capitalismo. Talvez tenha sido causado por extraterrestres...

A se crer na história oficial, em TODAS as dezenas de países socialistas que fracassaram e cometeram os mais terríveis crimes, não se pode achar nenhuma explicação mais genérica, mas apenas o resultado de circunstâncias fortuitas (muito estranho justo os marxistas pensarem isso). A se crer na história oficial, todos os intelectuais e toda classe dominante nos países marxistas sempre creram de pés juntos que o resultado do domínio dos regimes marxistas no mundo todo será a sua extinção como classe. Segundo essa visão, todos marxistas que já existiram sempre creram (até mesmo as poderosas e 'boas-vidas cúpulas' da KGB e do PC chinês) que o aumento total do poder do estado, a ponto de ninguém saber nada ou pensar nada que o estado não queira, resultará em liberdade total de todos e extinção do estado. Assim, as poderosas cúpulas dos PCs, formando uma aristocracia cujo poder e regalias passam de pai para filho, e cujas lutas por mais poder e regalias tem sido homéricas, estariam conscientemente trabalhando para sua própria extinção. Também segundo a história oficial, o intenso financiamento dos movimentos esquerdistas e a defesa de grupos terroristas respectivamente pelas grandes fundações capitalistas e pelos magnatas da imprensa são atos de insanidade ou burrice apenas.

Bom, a história contada assim, parece um samba do crioulo doido. Não existe chance de encontrarmos alguma explicação coerente dessa forma. Vamos tentar uma abordagem diferente:

O marxismo, assim como eram as antigas religiões pagãs, tem dois níveis, um exotérico (aberto) e outro esotérico (para seus sacerdotes). Aquilo que foi publicado de Marx refere-se ao nível aberto, para o público em geral. Não é o que ele cria, nem o que ele pretendia. É o que ele pretendia que as pessoas cressem. As classes dominantes dos países socialistas não estão nem aí para uma suposta extinção, pois sabem que nunca ninguém realmente inteligente acreditou no “fim da história” ou na extinção do governo. Os grupos intermediários das hierarquias socialistas vêem o comportamento dos seus superiores e deduzem, em silêncio, que esse papo de “fim de todo governo” é uma estória para boi dormir. Pessoas com QI mediano ou acima, e que não estejam fanatizadas, nunca levaram isso a sério. A “fase final” do comunismo sempre foi uma mentira para justificar todo e qualquer crime que os regimes marxistas possam cometer. A suposta extrema bondade, de um fim ao qual nunca se poderia chegar pelos meios propostos, fazem de toda ação criminosa de seus militantes um ato de justiça. É só para isso que serve esse mito, e certamente Marx tinha inteligência suficiente para saber o que estava fazendo. Neste ponto, chama a atenção uma diferença fundamental do marxismo em relação a toda outra doutrina. A “ética” marxista é totalmente finalista, como nenhuma ética jamais foi. Não há qualquer restrição em relação aos meios, em relação ao trato das pessoas, sejam outros marxistas, sejam os “não crentes”. Ao firmar a sua “ética” totalmente no suposto “fim da história”, Marx certamente previu que disso resultariam regimes extremamente desumanos, tanto quanto os piores que já haviam existido. Era inevitável, e não escaparia à sua mente. Seria inevitável também o surgimento de “reis divinos”, semelhantes aos da antiguidade. Mas isso talvez não fosse perceptível para Marx.

Resumindo: Centenas de milhões de “crentes” em Marx, crêem não no que ele cria, mas no que ele queria que crescem. São cabeças de aluguel, gente que para obter algum sentido de vida se entregou a uma mentira evidente, dispôs da sua mente, aboliu grande parte da sua própria liberdade de pensamento. Milhões de livros, artigos, entrevistas, lições, são uma loucura em que seus autores consentiram em crer, ou uma mentira que julgaram apropriado contar. São milhões que consentiram em crer no “exoterismo” marxista, e certamente teriam medo de conhecer seu “esoterismo”. Mas o leitor deste blog provavelmente será alguém que não tem medo de perguntar: Qual a doutrina interna do marxismo? Qual sua real natureza? Quais seus reais objetivos? O que pretendem, não o militante de mente alugada, mas os poderosos que dominam tantas mentes?

Alguém poderá dizer: “que abordagem maluca!!!”. Pode ser, mais faz muita coisa se encaixar.



MOTIVOS

Justamente aquele que seria capaz de trair o próprio Mestre por uma ninharia, este mesmo fez o eloqüente discurso em prol dos pobres, naquela ceia em Betânia. Ali, em frente a um homem que ressuscitou dentre os mortos e a outro que foi o autor do milagre, fez um discurso cínico, extremamente fingido, desesperado por conseguir uma grana a mais. Pouco tempo depois ele se tornaria traidor. Talvez não suportasse mais o Mestre, aquele homem poderosíssimo, mas tão pouco prático. Aquele homem que não tinha nem residência e andava sobre animal emprestado, mas que defendia a ação destemperada da irmã de Lázaro, aquela que gastou um perfume importado caríssimo numa cena de devoção.

Materialista, aproveitador do dinheiro dos outros, invejoso e, principalmente, um homem de intenções nada claras. Quem ouvia seus discursos, não entendia suas intenções. Sabia disfarçar uma mente deformada com um discurso em defesa dos pobres. Seus companheiros talvez o admirassem, nunca o entenderam até que suas ações deram o seu fruto de morte. Assim era . . . bom, ambos eram assim, o petralha antigo e o moderno. O antigo, vendeu aos carrascos o Salvador da humanidade. O moderno, causou morte e escravidão entre os povos.

domingo, 9 de março de 2008

DEISTAS ACIDENTAIS

Tem sido comum, ao longo da história, que ao visitar uma pessoa doente, o cristão diga “peço a Deus que você se reestabeleça logo”, ou “que Deus lhe dê saúde”, seguido ou não de “se for da vontade de Deus”, ou algo semelhante. Não há registro de que algum dia tais expressões tenham sido objeto de censura ou mesmo discussão. Estranhamente, durante o último século, nos EUA, e agora também no Brasil, em certos grupos evangélicos, falar assim seria considerado um pecado, ou pelo menos um sinal de falta de entendimento teológico. Mais ainda, os que colocam as coisas dessa forma dizem serem herdeiros da verdadeira tradição da Igreja, do que ela sempre creu! É uma estranha forma atual de cessacionismo, que é uma doutrina que defende que os dons espirituais cessaram no fim da época dos apóstolos. Tal doutrina surgiu alguns séculos depois de Cristo. Muito mais recentemente surgiu o conceito de que seria impossível qualquer evento milagroso após a época dos apóstolos, o que podemos chamar de cessacionismo absoluto.


AQUELES QUE REESCREVEM A HISTÓRIA


Creio na doutrina da continuação dos dons do Espírito do Eterno. Um dos motivos pelos quais eu creio nisso é a ausência de qualquer resquício de alguma doutrina cessacionista nos primeiros séculos. Quando não encontramos referência a alguma doutrina ou prática entre os primeiros cristãos, devemos por as mãos na cabeça e pensar cincoenta vezes se essa doutrina não é falsa. Os apóstolos diziam ter ensinado tudo quanto é necessário aos seus discípulos e estes teriam de ter demonstrado de alguma maneira cada doutrina importante, através de seus escritos e de suas obras registradas na história. Cada doutrina ou prática que não tem atestação primitiva deve ser provada, escrituristicamente, de forma muito mais forte, pois já nasce com uma evidência pesada contra si. Considero impossível que qualquer doutrina essencial seja definida apenas séculos depois de Cristo. No máximo, e mesmo assim com grande ônus inicial para os seus defensores, poderá ser uma definição mais precisa do que já fora dito antes. Mas geralmente ocorre que, quanto mais recente é o surgimento histórico de uma doutrina, menos forte a sua prova escriturística.

O cessacionismo foi proposto pela primeira vez por Agostinho, que nunca citou nenhum autor anterior como defensor dessa doutrina, pelo contrário, atribuiu sua construção a si mesmo. Pior ainda, no fim de sua vida renegou-a, pois era baseada firmemente em sua própria experiência, na “prova” negativa de não ver os dons do Espírito atuando em seu tempo. Aquilo em que se crê pela experiência, mesmo que receba depois uma capa de justificação teórica, pela experiência cai. Assim foi com o cessacionismo de Agostinho, que ao ver uma cura milagrosa, jogou-o fora, junto com a justificação teológica que havia construído. Tal é a fraqueza dos argumentos de Agostinho, segundo sua própria avaliação.

Vendo o desenvolvimento histórico da cristandade, numa perspectiva que seria impossível a Agostinho, sua hipótese parece-nos ociosa. Ele buscava uma explicação para a ausência de dons, e construiu-a com a doutrina do cessacionismo. Mas para nós há uma explicação muito mais simples, a extinção do Dom do Eterno pelo desvio da Igreja. Os grandes pecados da Igreja nos séculos posteriores são claramente resultantes de erros que já começavam a se agigantar no tempo de Agostinho. Além disso, como citaremos mais tarde, há uma variação da freqüência dos milagres ao longo do tempo.

Mesmo aceita como explicação genérica para a pouca ocorrência do milagroso, em relação aos tempos apostólicos, o cessacionismo não era de forma nenhuma absoluto. Não ocorria a ninguém a idéia de um Deus proibido de agir sobrenaturalmente no mundo físico. Não é que tal idéia não tenha sido aceita, é que nem sequer foi proposta, em instante algum, seja durante os primeiros séculos, seja durante o desenvolvimento das Igrejas católicas ocidental e oriental, ou pelos pré-reformadores, pelos reformadores, ou durante a formação das igrejas nacional, e a formação das denominações não estatais históricas. Tudo que se afirmou é que alguns dons cessaram, e os milagres, se ocorressem, não ocorriam através deles. Em toda a história da Igreja, até a idade moderna, não há testemunho de igreja que duvidasse que Deus age milagrosamente em qualquer momento que ele queira, atendendo às orações ou não. As doutrinas, os ritos, os escritos dos formadores da doutrina, tudo testemunha sobre a crença no poder sobrenatural do Eterno invadindo a história, sem pedir licença nem esperar o momento que os homens julguem “adequado”. Nada testemunha de uma suposta impossibilidade do milagre. Quem nega isso, não leu os cristãos antigos ou medievais, orientais ou ocidentais, os reformadores e os católicos.

Se o cessacionismo absoluto é doutrina nova, quando ela surgiu? Sabemos que existe hoje, mas desde quando? Espantosamente, parece que surgiu por influência do deísmo inglês, levado para as Américas. No início do século XX, quando começou a querela nos EUA contra os petencostais, alguns evangélicos usaram o argumento do cessacionismo de maneira exagerada, imitando, de forma aparentemente inconsciente, o deísmo de dois séculos antes. Assim, para ter armas mais fortes para um embate, tornaram parte dos evangélicos americanos, de forma inédita, deístas práticos, fazendo o que dois séculos de assédio não tinham conseguido fazer. Criaram, dentro do coração de muitos evangélicos, o deus ausente dos deístas, que não atende às orações. E, espantoso, forjaram uma falsa história para se justificarem. Aparentemente, depois que os marxistas inauguraram esse caminho da história mutante, abriu-se uma caixa de Pandora. Suponho que o próprio Diabo tenha se assustado, quando descobriu que pode-se mentir impunemente sobre fatos bem conhecidos e bem documentados da história. Mas isso é assunto para um outro artigo.


ARGUMENTANDO DENTRO DA PRIMEIRA CARTA AOS CORÍNTIOS


A seção anterior basta para desmascarar o cessacionismo absoluto. Mas pretendo mais do que isso, mostrar a falta de base do cessacionismo em si. Neste pequeno artigo, farei uma curta análise da questão na “Primeira carta do apóstolo Paulo aos coríntios”.

Até o capítulo 11, o apóstolo trata de diversos assuntos referentes a questões práticas, dificuldades que estavam ocorrendo naquela igreja. Do capítulo doze ao quatorze, é também uma resposta a uma questão prática, sobre o uso dos dons do Espírito, apenas um pouco mais comprida, pois seria necessária alguma explicação inicial sobre o assunto, na maior parte desse trecho, antes de chegar às recomendações práticas, a partir do verso 26 do capítulo 14. No capítulo 15 ele responde a uma questão sobre a ressurreição, e no 16 ele dá instruções sobre coleta para os irmãos da Judéia e faz as exortações e saudações finais. Exposto assim esse “índice” do livro, claro está que a última parte do capítulo 14 é conseqüência do que foi dito nos capítulos 12, 13 e início do 14, e não pode ser contraditório com o que está ali. Estranhamente, muitos deduzem da parte inicial do trecho uma doutrina que contradiz frontalmente a conclusão prática no final do capítulo 14, julgando que o apóstolo ensina contra a existência, já naqueles dias, dos dons espirituais, ou pelo de parte deles. Os que argumentam assim, parecem cegos ao fato de que no final do capítulo 14 ele regula o exercício desses dons “desaparecidos”. Tal argumentação é tão sem sentido que não perderei meu tempo com ela.

Uma segunda linha de raciocínio cessacionista é a que defende que o “falar em línguas”, citado no texto, seria simplesmente a fala de algum estrangeiro que estivesse visitando a igreja. É um argumento estranhíssimo, visto que no trecho todo, o “falar em línguas” é atribuído à ação do Espirito do Eterno, comparado a profetizar. Quem argumenta assim teria de fazer uma colcha de retalhos, pegando a mesma expressão nas suas diversas ocorrências dentro do trecho e dando-lhe significados diferentes, conforme o seu interesse em provar seu ponto. Além de ser uma forma absurda de ler um texto, supõe que o apóstolo fosse um escritor maluco.

Uma terceira argumentação, mais séria que as duas anteriores, é a de que o apóstolo prevê a cessação dos dons espirituais, com o término da era apostólica. Esta é a argumentação mais antiga, de Agostinho (mesmo assim, séculos após Cristo).

Freqüentemente os que defendem essa tese pretendem ver no texto uma ”oposição” entre o amor e o exercício dos dons. Estranha essa visão, que considera que algum dom (presente) dado pelo Eterno as sua Igreja pode opor-se ao amor. Penso o contrário, que se algum presente foi dado pelo Eterno à sua Igreja, terá de ser algo que trabalhe na mesma direção que o amor. Se, por absurdo, houvesse tal oposição, Paulo teria proibido e não regulado os dons. Mais tais pessoas consideram que o apóstolo está desestimulando os dons. Estranho, considerando que ele exalta a sua variedade, chama o falar em línguas de falar mistérios em espírito, ordena o seu uso como coisa útil e boa à Igreja. Há textos na Bíblia que parecem opor a sabedoria ao amor, mais ninguém os interpreta assim. Mas qual o significado da aparente oposição entre dons e amor? Paulo opõe o amor à vaidade e ao orgulho, que alguns por infantilidade exibiam, por causa de seus dons e isso faz muito mais sentido, pois amor não se opõe aos dons de Deus, mas se opõe ao egoísmo, o qual resulta em orgulho.

Geralmente, a parte principal da argumentação cessacionista consiste em interpretar “o que é perfeito” (verso 10 do capítulo 13) como o fechamento do cânon. Os versos 11 e 12 continuam o mesmo argumento, falam da mesma coisa. Mas não parece viável aplicar o verso 12 à época presente. Certamente nossa visão ainda é obscura, certamente nós não vemos o Eterno face a face, certamente não o conhecemos como somos conhecidos. Mas haverá quem queira que o verso 12 nada tem com o 10 (ao mesmo tempo que ligam o 10 com o 13). O ônus que se paga para crer nisso é que o texto vira um samba do crioulo doido. Sem problemas, há quem não se importe com isso, desde que faça valer a tese que lhe agrada. Mas alguém dirá: “se não é o cânon, logo o que é?”. Não tenho de ter uma resposta para isto, há muitos coisas difíceis na Bíblia, particularmente em relação aos últimos tempos. Geralmente a prova negativa é mais fácil que a positiva, e o meu argumento prova conclusivamente o que não é. Desde tempos imemoriais, sempre houve (e continuará havendo) quem se aproveite da obscuridade de algum assunto para tentar convencer de algo absurdo. E muitas vezes usando o mesmo argumento: “eu tenho uma resposta, meus adversários não tem nenhuma”. Nós não temos muitas respostas, e é melhor não te-las do que ter as erradas.

Resta finalmente o verso 13, cuja interpretação mais óbvia quereria dizer que os dons já haviam cessado na época em que a carta foi escrita. Mas já provamos que isto é absurdo, em face do teor todo do trecho, que só tem sentido se os dons fossem atuantes, e em particular do fim do capítulo 14, que regula o uso dos dons. Ninguém de bom senso aceitaria uma interpretação absurda dentro da própria argumentação do texto, apenas por ser a interpretação mais literal. Alguém argumentará que não haverá nenhum outro tempo, fora o período entre o fim da era apostólica e a segunda vinda do Cristo, em que fé, esperança e amor possam ser os únicos dons. Primeiramente, talvez a palavra traduzida como “agora” possa ter um significado que não indique tempo, mas ênfase, por exemplo. É um bom debate para os que sabem bem o grego dessa época. Por outro lado, no milênio haverá sim lugar para a fé e a esperança, juntamente com o amor. Tanto assim que haverá aqueles que, no fim do milênio, se revoltarão contra o Ungido. Certamente tais pessoas não terão confiança em suas promessas dos novos céus e nova terra, nem terão esperança nessa realidade superior.

RESPONDENDO A VÁRIOS ARGUMENTOS CESSACIONISTAS


  1. Supõem, muitos cessacionistas, que o único motivo da ação sobrenatural é servir de sinal para um público. Mas muitos dos milagres feitos por Jesus e pelos servos do Eterno não tiveram como único objetivo servir de sinal. Na verdade, muitos não foram citados na Bíblia, e muitos foram feitos em particular. Freqüentemente Yeshua pedia segredo aos beneficiados. E outros motivos são citados para o milagre, em muitos casos.

  2. O cessacionismo geralmente supõe que a profecia (ou seus equivalentes), resulta necessariamente em Escritura. Esse é o argumento usado para negar a existência de profecias após o tempo dos apóstolos. Pois bem, a maioria das profecias jamais produziu Escrituras. No NT, haviam profecias (ou dons equivalentes) com objetivos bastantes limitados, como orientar a obra de evangelização, avisar sobre dificuldades futuras, enfim, aplicações que seriam válidas hoje ou em qualquer tempo.

  3. Respondendo ainda ao argumento anterior, se toda comunicação do Espirito com uma pessoa particular gerasse Escritura, o Espírito não poderia nem mesmo chamar os pastores.

  4. É suposição comum entre os cessacionistas que milagres só ocorrem para autenticar profetas ou a formação das Escrituras. Mas isso não é verdade, não está escrito em lugar nenhum da Bíblia que seja assim, isso não pode ser deduzido inevitavelmente e, na verdade, é fácil encontrar contra-exemplos. Houveram muitos sinais na época dos Juízes que seriam totalmente desnecessários por tais critérios. Quanto à confirmação da autoridade dos Juizes, poderia ser firmada por qualquer vitória militar, mesmo que não houvessem milagres visíveis.

  5. É suposição comum entre os cessacionistas que os milagres ocorridos estão citados na Bíblia, pelo menos aqueles anteriores a Cristo. Mas isso é falso. Certamente a maioria dos profetas não teve suas palavras registradas, e qualquer profecia verdadeira é um milagre. Todo tipo de milagre pode ter ocorrido sem ter sido registrado, a Bíblia nunca afirmou ser uma narrativa exaustiva, e muitos milagres podem ter ocorrido mesmo em outros lugares, longe de Israel.

  6. Supõem muitos cessacionistas que o único objetivo da expulsão de demônios é servir de sinal. Mas várias pessoas que vieram a ser crentes em Yeshua foram anteriormente endemoninhadas, e não poderiam crer sem serem primeiro libertas. Assim os cessacionistas absolutos promovem o descumprimento da Escritura Sagrada que diz “ide por todo mundo e pregai o evangelho a TODA criatura”, pois querem proibir que se expulsem demônios o que equivale a proibir que se pregue aos endemoninhados. Não só negam assim o testemunho de todo ex-endemoninhado que já se tornou crente, mas ocultam o poder de Deus, se é que crêem nele.

  7. Como já argumentei no primeiro capítulo, negam os cessacionistas a história unânime das igrejas cristãs, pois desde o início houve exorcismo e ritos de cura, sendo a própria extrema-unção (como vários ritos nas igrejas reformadas ) um rito de cura que mudou de significado com o tempo, baseado que foi inicialmente no ensino de Tiago sobre a unção dos doentes.

  8. Dizem eles, seria desnecessária a prova do poder divino por meios de sinais, posteriormente à época dos apóstolos, visto que o ser humano de tempos posteriores, sendo superior intelectualmente, não precisa de sinais. Espantosamente, dizem isso assim, de cara lavada, aplicando tal argumento a uma infinidade de situações de evangelização, em épocas, culturas e subculturas diferentes. Quão sábio deve supor-se alguém para usar tal argumento, e quão ignorante precisa ser da história dos povos. Ou pior, quão embotado está seu senso, pela necessidade de justificar sua própria visão de mundo.

  9. Por último, há um único argumento do cessacionista que é sério e bem firmado na Bíblia. Mas tem o defeito, para os cessacionistas, de não conduzir necessariamente à sua doutrina. É fato bem estabelecido que a ação visivelmente sobrenatural do Eterno, ao longo do tempo, variou bastante. Mas isso não prova a validade do cessacionismo, nem mesmo na sua forma relativa (a única que tem presença na história da Igreja, ao contrário dessa fraude moderna que é o cessacionismo absoluto). Pelo contrário, se a intensidade dessa ação arrefeceu várias vezes, e aumentou posteriormente, isso parece indicar que sua variação é imprevisível para a mente humana, e nada garante que não poderá aumentar em qualquer tempo. Além disso, mesmo em épocas de menor ocorrência, há relatos de tal ação.

quarta-feira, 5 de março de 2008

João Batista é 10

Para relaxar:
http://sophismwatch.blogspot.com/2008/02/piada.html
http://sophismwatch.blogspot.com/2008/02/hillary-o-anticristo.html

Qual o propósito da propaganda dentro dos países comunistas?

A última postagem do excelente blog "Resistência":

I'll be back soon, folks

In my study of communist societies, I came to the conclusion that the purpose of communist propaganda was not to persuade or convince, nor to inform, but to humiliate; and therefore, the less it corresponded to reality the better. When people are forced to remain silent when they are being told the most obvious lies, or even worse when they are forced to repeat the lies themselves, they lose once and for all their sense of probity. To assent to obvious lies is to co-operate with evil, and in some small way to become evil oneself. One's standing to resist anything is thus eroded, and even destroyed. A society of emasculated liars is easy to control. I think if you examine political correctness, it has the same effect and is intended to.

-Theodore Dalrymple

http://nemersonlavoura.blogspot.com/

Mandacarus - Ivania estava com saudades da sua terra






















terça-feira, 4 de março de 2008

Conquistando direitos V

Talvez o leitor esteja se perguntando: Como pode ser que na era dos "direitos", com tantos novos "direitos" sendo criados o tempo todo, os direitos mais fundamentais sejam sistematicamente desrespeitados justo pelos estados, que são orgãos cuja função primordial é a justiça e a defesa da população? Exatamente tais funções não são exercidas hoje pelo estado. Pelo contrário, ele sistematicamente tem promovido a injustiça e a insegurança.

Olavo de Carvalho mata a charada:

http://www.olavodecarvalho.org/semana/070917dc.html

http://www.olavodecarvalho.org/semana/06082002globo.htm

Se você não entendeu o truque, eu explico: Novos "direitos" se opõem aos antigos. Um grupo pode anular todos os direitos fundamentais de um povo sem nunca se opor publicamente a nenhum deles. Basta criar novos "direitos", cuidadosamente calculados para destruir os antigos e a supressão dos antigos parecerá ao povo um acontecimento não planejado. Aqueles que perceberem e protestarem serão eles mesmos acusados de opositores dos direitos humanos.

Maquiavélico. Literalmente.

Conquistando direitos IV

Irmão gêmeo do direito à vida, é o direito à legítima defesa. Eis ai um direito que o estado brasileiro não reconhece:

http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2008/03/o-governo-brasileiro-j-tem-uma-posio-de.html

Conquistando direitos III

Já que estamos falando de direitos, o fundamental é o direito à vida. Lutemos por ele, pois é o desrespeitado cruelmente:

http://algarvepelavida.blogspot.com/2008/02/testemunho-impressionante-de-vida_27.html

Conquistando direitos II

Não temos o direito à educação. Na verdade, os pais brasileiros tem a "obrigação" legal de enviar seus filhos a escolas horriveis, onde eles serão agredidos, desrespeitados e possivelmente perderão toda vontade de estudar:

http://bandnewstv.com.br/conteudo.asp?ID=71401&CNL=20

Veja um excelente comentário a respeito no blog do Júlio Severo.

Conquistando direitos I

Eu realmente até agora não tinha compreendido: Nós, brasileiros não temos direito ao voto. Pelo menos, não de acordo com a definição de direito contida no dicionário Aurélio.

Direito: Faculdade legal de praticar ou deixar de praticar um ato.

Júlio Severo escreve um excelente artigo sobre o assunto:
http://juliosevero.blogspot.com/2008/03/conquistando-o-direito-de-votar.html

Lutemos então pelos nossos verdadeiros direitos.

O Bode Emssário

A Instrução dada a Moisés por Deus em Levítico 16 estabelecia um dia no ano para purificação do Templo e expiação pelos pecados do sumo-sacerdote e da nação de Israel. Era o único dia em que o sumo-sacerdote entrava no Santo dos Santos, trazendo o sangue dos sacrifícios. Tendo efetuado o ritual de espiação, ele então imporia as mãos sobre um bode vivo, ao mesmo tempo confessando os pecados do povo; dessa forma, a culpa seria transferida para o bode, que então seria levado ao deserto e deixado lá.
Há um princípio em jogo nessa prática, o qual foi estabelecido por ocasião da Queda do Homem. Quando Adão e Eva pecarem sob a influência da Serpente, animais foram mortos por Deus (na 2. Pessoa pré-encarnada - assunto para outro texto), a fim de fornecer uma cobertura simbólica para o pecado de ambos: a roupa para esconder a "nudez". Deus estava ali demonstrando que a remissão exigia o derramamento de sangue inocente, prenunciando o sacrifício da Semente da mulher. Mas para a Serpente, isto é, para Satanás que a possuía, não houve nenhuma provisão; pelo contrário, a maldição foi lançada sobre ele sem direito a recorrer.
Todo o pecado se origina em Satanás e seus demônios, seja por causa do pecado original induzido por ele, seja por causa das suas constantes tentações. Uma vez estando o povo quite com YHWH (Deus) por meio do sacrifício sangrento, seus pecados são então lançados na conta do Inimigo, com a correspondente maldição. Por isso o bode vivo (emissário) é levado para o deserto, símbolo da morada dos demônios (conforme atestado por inúmeras passagens bíblicas, inclusive a que relata como Jesus foi tentado). Assim também YHWH primeiro tratou com Adão e Eva, para só depois se dirigir à Serpente.
Da mesma forma, Yeshua (Jesus), que é representado pelo bode expiatório, morto pelos pecados do povo, também é representado pelo bode emissário. A prova de que os bodes são intercambiáveis se mostra no fato de que é pelo Urim e Tumim que são definidos qual vai ser morto e qual vai para o deserto. Depois de ter derramado Sua vida pelo povo, Yeshua desceu ao Hades (Ef. 4:9) para pôr fim às acusações de Satanás contra os redimidos e declará-lo culpado e condenado pelos pecados cometidos por aqueles sob sua (do diabo, digo) influência. Como se diz? "O tiro saiu pela culatra"...
Por isso o apóstolo Paulo diz que Yeshua despojou os principados e potestades, triunfando deles pela cruz (Col. 2:15). Sua obra vindicatória ao mesmo tempo nos justificou e amaldiçoou nosso Inimigo. Aleluia!