terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ


Sempre visito o blog (listado ao lado) de um cara muito gente fina, o Blogildo (Onildo), um TJ, e como se pode imaginar, divergimos bastante em matéria de religião. Mas em outros assuntos, seja cultura, economia, política, concordo muitíssimo mais com ele do que com a maioria dos evangélicos. Ele defendeu, alguns dias atrás, a doutrina comum aos TJ e a vários pequenos grupos dentro da cristandade, da impropriedade de um cristão seguir as seguintes carreiras: política, militar, policial. Argumentei com ele sobre a inexistência de tais restrições na Bíblia. Colocarei abaixo respostas dele a comentários de leitores, e meus contra-argumentos:

Argumento: “Ora, ora, ora, do que será que Paulo está falando? Se Deus instituiu as autoridades e ele jamais vai contra o que ele mesmo instituiu como quer o Filipe Levi, a conclusão óbvia é que tais "principados e potestades" também foram instituídos por ele? Certo? E o pior/melhor é que ele está mesmo certo! Em João 12:3 Jesus Cristo chama o próprio Satanás de "príncipe deste mundo". Do que ele está falando, mermão? Deus não instituiu todas as autoridades? Vai ver Ele também colocou Satã como príncipe deste mundo. Ou a máxima de Paulo só vale quando você quer?”

Contra-argumento: Errado, “Os céus são os céus do SENHOR; mas a terra a deu aos filhos dos homens.” Salmos 115:16 . Isto combina muito bem com o relato da criação. Como então o Diabo veio a ser o “príncipe deste mundo”? Pedro explica “Prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo.” 2 Pedro 2:19 . O homem (em Adão) foi vencido pelo Diabo, e tornou-se seu servo. Sempre que alguém é vencido pela tentação, dá “autoridade” ao Diabo. Os governos humanos, por outro lado, embora obtenham parte de seu poder da dominação injusta, obtém também por concordância das pessoas na necessidade de governo.

Argumento: “Hananias, Misael e Azarias não foram POLÍTICOS de Deus em nações pagãs coisa nenhuma. Isso não existe. "Político de Deus" é invenção da bancada evangélica do Planalto. Isso é empulhação. Eles eram FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS em Babilônia. A contragosto! Afinal, foram levados, ainda na adolescência, como cativos junto com outros judeus após a destruição de Jerusalém por parte de Nabucodonosor no sétimo século AC.Não há problema em executar serviço público no estado. Nunca afirmei isso aqui. Hananias, Misael e Azarias são exemplos de como o servo de Deus deve viver debaixo do domínio do estado sem se deixar corromper por ele. Na questão da adoração da imagem de Nabucodonosor - que era mais um evento cívico e patriótico do que um evento religioso em si - eles foram claramente CONTRA o estado de Babilônia. Deixaram claro que não reverenciariam a bandeira do estado”

Contra-argumento: Blogildo, você não definiu o que é um político. Penso em duas definições possíveis, embora não completas:
1ª Aquele que procura influenciar as políticas do estado (entendo como políticas do estado as ações do estado e seus objetivos). Nesse sentido, não só os citados eram políticos, mas também Ester, Mardoqueu, os apologistas cristãos (inclusive Lucas, ao endereçar seus livros a alguém em cargo político), os quacres e metodistas, na luta contra a escravidão, eu, você e todos os blogueiros que falam de política, os evangélicos e católicos que lutam contra a aprovação do aborto, etc. De qualquer forma, por que seria inapropriado um cristão influenciar o estado? Na verdade, não só é apropriado, como às vezes é necessário.
2ª Funcionário público eleito por voto. Por que motivo ser eleito por voto seria impróprio para um cristão, mas ser escolhido por outro critério não seria? O eleito NÃO tem de se alinhar automaticamente à ideologia e política do estado. Ele é mais livre e menos sujeito à constrangimento e dilemas que o funcionário nomeado ou concursado. O próprio texto de Daniel mostra que os quatro judeus passaram por situações de dilemas terríveis, mais do que estaria sujeito um político cristão. Seu sucesso deveu-se ao caráter, não à ausência de dilemas.


Argumento: “Todo estado é uma manifestação de autoridade tolerada e permitida por Deus. Mas não são entidades que contam com a aprovação divina. A única nação que gozou desse privilégio foi Israel.Na verdade, quem vive babando o estado é que está exaltando o poder do Diabo e não o contrário”. “A Bíblia tem uma posição clara nessa questão. No VT temos sempre "todas as nações" contra Israel. No NT temos o império romano contra os cristãos, culminando na apresentação de estados como bestas em Apocalipse. Não percebe aí uma postura clara anti-estado? Eu percebo.”
Contra-argumento: A Tanach (AT) freqüentemente fala a respeito da oposição das nações ao povo escolhido. É fato bem conhecido através da história. Mas isto implica em que é ilegítimo haverem governos das nações? O fato dos povos (as pessoas) serem contra os israelitas implica em que deveria haver anarquia? O texto bíblico é bem explícito sobre a fonte da oposição, fala das nações, não dos governos. Os povos, por serem contrários a Deus, odeiam o povo israelita e o seu país. Não é por terem governo que eles se opõem a Israel, mas por serem pecadores. “O mundo jaz no maligno” diz o apóstolo, e o diabo é chamado de “príncipe deste mundo”. Eis aí a fonte da oposição, desde a matança das crianças no Egito, a tentativa de extermínio na Babilônia, o anti-semitismo, os progrons, o holocausto, e mais recentemente, a demonização dos israelenses pela mídia.
Mas continuemos por outra linha. Quando os apóstolos saíram a testemunhar do Cristo, e foram levados à presença de príncipes e reis, nunca sua mensagem foi de “auto-extinção dos governos”. A anarquia nunca foi um norte moral, ou uma meta, ou um estado melhor das coisas, na visão dos apóstolos ou do Seu Mestre. Falavam aos governantes sobre praticar a justiça, não sobre deixar o seu posto.
Mais interessante ainda, o estado ideal de coisas proposto pela própria Bíblia, em seus textos proféticos, não é de extinção dos governos, mas da rendição dos governantes ao Eterno. De acordo com as profecias, no milênio continuarão existindo governos nacionais, porém seus titulares serão homens arrependidos de seus pecados, homens que buscarão a justiça e a paz. Dizer que algum governo não tem aprovação divina pode ter dois sentidos: Pode significar que tal governo não deveria existir, o que você não prova. E pode significar que tal governo não se comporta de acordo com o que é exigido pelo Criador. Nesse sentido, freqüentemente o próprio governo hebraico não teve aprovação divina.
Mas, por que devem existir os governos? A própria Bíblia nos explica: para castigo dos maus, e louvor dos bons, isto é, em linguajar mais atual, para que exista justiça. É assim determinado pelo Eterno, embora os governantes freqüentemente ajam com injustiça. Mesmo assim, é preferível que existam governos, pois na anarquia absoluta há grandíssima injustiça, a total imposição da vontade dos mais fortes, sem nenhuma outra consideração que não o interesse ou simples vontade deles.
De qualquer forma, ainda que os governos freqüentemente se opõem ao Criador, isto de forma alguma resulta em que não devemos agir politicamente, inclusive nos elegendo para mudar diretamente as políticas de governo. Na verdade, o contrário é verdade, pois justamente onde os governos mais se opõem a Deus é que mais fortemente devemos tentar agir politicamente. Onildo, meu amigo, SUAS CONCLUSÕES NÃO SEGUEM SUAS PREMISSAS.

Argumento: A rejeição dos primeiros cristãos a muitas carreiras na estrutura do estado indica-nos que esta deve ser nossa posição: “Aí eu conto também com o exemplo histórico dos primitivos cristãos em relação ao estado.”

Contra-argumento: Era uma atitude não baseada na Bíblia. Geralmente as práticas cristãs sem base bíblica tem origem em situações práticas vividas pelos crentes. No caso dos primeiros cristãos, a perseguição do império contra eles seria explicação suficiente para tal prática. Além disso, mais do que um governo nacional, Roma era um império, que mantinha seu poder pela força coercitiva sobre outros povos, inclusive o povo a que pertencia cada cristão em particular. Um soldado romano poderia ser obrigado a práticas injustas, em benefício do império.

Argumento: As possíveis contradições entre as exigências da carreira militar, policial ou política em relação à ética cristã e ao valor de Israel como povo escolhido. “Responda a pergunta que propus no final do post: Do lado de quem os cristãos estavam quando Roma invadiu Judá? Os cristãos judeus lutaram de que lado? Os cristãos romanos lutaram de que lado? Responda essa pergunta e você verá com base em quê eu afirmo que um cristão não pode servir o exército de seu país.”

Contra-argumento: A vida do cristão é uma vida de contradições e “saias justas”, ele enfrenta dilemas entre os amigos, na escola, no serviço, dentro da comunidade. E temos dificuldades, às vezes nossa ação não é a melhor, às vezes nem discernimos qual a ação mais adequada. Estes dilemas não se restringem de forma alguma às três carreiras citadas. Alguns argumentarão que a ética cristã exige “dar a outra face”. Este é um preceito que precisa ser entendido dentro de cada contexto, na vida pessoal. Mas só na vida pessoal, não é um preceito que se aplique a grupos, só a indivíduos. Ninguém tem o direito de “dar a outra face de terceiros”. Este princípio não pode ser a negação da legítima defesa, pois a negação da legítima defesa é a própria cumplicidade com o crime, como vemos ocorrer atualmente no Brasil, onde os criminosos são “vítimas da sociedade” e as vítimas são “os culpados pelos crimes dos criminosos”, segundo a mídia e a academia. É certo que o Cristo não pregaria a cumplicidade com o crime. Portanto, não existe contradição essencial entre as carreiras política, militar e policial e a ética cristã, mas apenas os dilemas comuns, em qualquer carreira.
No caso da luta contra os romanos, o princípio da autoridade civil não é absoluto. Rebelar-se contra uma potência estrangeira não é errado em princípio, e muitos judeus e cristãos os fizeram. Os judeus agiriam bem em se juntar à revolta? próprio Jesus já havia respondido “31 Ou qual é o rei que, indo à guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? 32 De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, e pede condições de paz.” (Lucas, capítulo 14).

ARIANOS E TRINITARIANOS INVERTENDO DE POSIÇÃO

Os Testemunhas de Jeová são um grupo ariano moderno, isto é, fizeram renascer a doutrina de Ário, bispo cristão que pregava que o Cristo não era Deus. É um grupo que rejeita a doutrina da trindade, ou qualquer doutrina que veja o Filho como o Deus Todo Poderoso. Os TJ identificam Jesus com o arcanjo Miguel.
O ponto que mais chama a atenção nesse debate em torno da propriedade ou não da carreira militar para os cristãos, é que o EXÉRCITO romano após Constantino, tornou-se uma instituição essencialmente ARIANA, em oposição ao restante da sociedade, que seguia o trinitarianismo ou outras doutrinas. Os militares romanos viam a doutrina trinitariana, o modalismo, o unitarianismo, etc, como erros dos “incongruentes” civis. Suponho que um romano do fim da antiguidade ou do início da idade média, que pudesse conhecer o que se passa hoje, se espantaria em ver os crentes de muitos grupos cristãos trinitarianos, unicistas ou modalistas exercendo o ofício militar sem problemas, enquanto os arianos são os anti-militaristas. Nada como um dia depois do outro.


CONCLUSÃO

Qual a origem do instinto gregário humano? Suponho que o Criador nos dotou da capacidade de agir em conjunto, e exercer nossa ação política e social, com o objetivo de dar aos homens instrumentos adequados para o exercício da justiça e, principalmente, para que nos realizemos também na vida em comum.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

OS PRIMEIROS CRISTÃOS CRIAM NA TORAH ORAL ?


Tem sido afirmado por alguns que os primeiros cristãos, sendo judeus praticantes, criam na Torah oral. Pretendo opinar que não, com base nos argumentos abaixo:

  1. A prevalência do judaísmo rabínico hoje, é numericamente muito grande, mas isto não era verdade no primeiro século. Os saduceus tinham uma influência importante, e existiam muitos outros grupos fora das linhas mais influentes. Hoje mesmo os judeus não ortodoxos não tem referência histórica fora da tradição rabínica, a não ser os minúsculos grupos caraítas, descendentes da união dos saduceus com outros grupos não rabínicos.

  2. A discordância dentro da tradição farisaica era muito grande com diversos grupos disputando, e dois grandes pólos, a escola de Shamai e a de Hilel. As discordâncias entre essas escolas era intensa e degenerou até mesmo em violência física de discípulos da tradição de Shamai contra discípulos da tradição de Hilel. Quando Yeshua (Jesus) pregava ao povo, citava constantemente rabinos anteriores, quer concordando, quer discordando. Concordava mais com o ensino de Hilel, embora, no caso do divórcio, tenha favorecido uma interpretação mais rígida, semelhante à de Shamai. Quando de sua morte, alguns podem ter interpretado que, mais uma vez, os intérpretes alinhados com Shamai haviam usado a violência para vencer.

  3. A tradição rabínica apresenta os debates dos mestres como uma tradição dada por Deus, onde as diferentes e conflitantes posições dos debatedores são todas verdadeiras, cada uma ao seu próprio modo. Mas é um anacronismo crer que essa síntese entre os divergentes, feita a partir de Akiva, fosse aceitável no primeiro século. Vou dar um exemplo: Hoje, às vezes assisto a algum documentário na tv falando de conflitos antigos, seja entre romanos e cartagineses, ou gregos e persas, ou alemães e aliados, ou americanos e soviéticos. Assistindo, no conforto de um sofá, a um conflito que já terminou, é fácil concentrar-se apenas na comparação entre as técnicas, as armas, as táticas e as estratégias. Um conflito de vida ou morte pode ser, para um espectador não engajado, um exercício e uma diversão intelectual, onde tudo que ambos os lados fizeram é uma lição útil, e compõe uma rica tradição legada pela história. O mesmo se pode dizer sobre todos os debates e desentendimentos do passado, pois é no fragor da luta, seja física seja de idéias, que a percepção humana mais se revela. Mas é num momento posterior, quando o debate ou a luta já terminou, que vemos assim. Para aqueles diretamente envolvidos o que importa é vencer, firmar sua posição, convencer os outros daquilo que crê ser verdadeiro. Mais ainda, em muitos casos o debate degenera em conflito de egos e de poder político, criando amargura e ressentimento. O mesmo aconteceu em relação aos debates sobre as interpretações da Torah. Os mestres tinham opiniões, tinham também ligações pessoais e políticas, tinham ressentimentos até. Durante a época imediatamente anterior e posterior a Yeshua, o debate estava novo ainda, os rabis criam que, em cada assunto, uma posição era CORRETA, e devia ser defendida, e qualquer outra estava ERRADA, e devia ser combatida. É claro que poderiam haver muitos assuntos em que mestres poderiam dizer “não sei a resposta correta”, mas dificilmente diriam que duas respostas contraditórias estariam ambas corretas, pois parece difícil crer que tal idéia de síntese pudesse se formar em tal ambiente de ânimos exaltados. Foi neste contexto que veio o Messias, assumindo posição sobre cada questão (e pior, ficando freqüentemente com a posição politicamente mais fraca).

  4. Dentro desse contexto, não havia o que HOJE se chama de 'Torah Oral”. Os mestres criam numa tradição que vinha desde Moisés, mas não poderiam associar o ensino de Moisés a uma síntese antes que o debate esfriasse. Todo judeu religioso do primeiro século (incluindo aqueles que posteriormente foram chamados de cristãos) tinham opiniões específicas. Quem quer que cresce em alguma “Torah oral”, no primeiro século, certamente não creria na SÍNTESE POSTERIOR que hoje é chamada “Torah oral”. Só poderiam crer no que já existia, não no que seria criado nos séculos futuros, isto é a idéia de que as interpretações divergentes dos rabis foram dadas por Deus.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

ABUSO

O abuso dos pastores sobre as ovelhas é um dos piores males dentro da Igreja evangélica atual. Leia o artigo, no endereço abaixo, e medite: Uma ovelha abusada deve afastar-se de seus abusadores. A excessiva paciência das ovelhas é causa de haver tão grande número de pastores abusadores. Caso as ovelhas não aceitassem os "obreiros fraudulentos" (como o apóstolo Paulo os chamava), eles desistiriam do seu "ministério", e talvez até se arrependessem do mal que tem praticado. Desta forma estas pessoas estariam fazendo bem não só a sí próprias, mas à Igreja de Cristo. Não falo isso a respeito das falhas comuns do ser humano, pois pastores erram como todo mundo. O que falo são de "pastores" que seriam desaprovados pelos critérios que a própria Bíblia estabelece. O apóstolo Paulo não condescendia com ministros que não se mostravam dígnos. Até mesmo os diaconos teriam de ser provados primeiro.

Se você se sente abusado na igreja onde está, faça um bem a si mesmo e à Igreja de Cristo. Saia.

http://www.jesussite.com.br/acervo.asp?Id=1276

Segredo não secreto

O que ocorreu nos últimos dezessete anos no Brasil é provavelmente um caso único na história. Pela primeira vez algo não secreto foi tornado secreto sem censura, mas apenas pelo poder de intimidação das esquerdas, muito antes do PT atingir o poder.

http://www.olavodecarvalho.org/semana/080131jb.html

domingo, 3 de fevereiro de 2008

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Os céticos sobre o aquecimento global I

Um dos mitos espalhados pela imprensa é que os céticos em relação à CauSA HUMANA do aquecimento global são alguns cientistas sem nenhuma experiência ou respeitabilidade. Mas um cientista do porte de Marcel Leroux nunca creu nessa ladainha:

http://mitos-climaticos.blogspot.com/2005/09/um-livro-sublime.html



E veja um artigo impressionante dele:

http://resistir.info/climatologia/impostura_cientifica.html